‘CURA GAY'

Estudo associa terapias de conversão sexual a danos psicológicos

Estudo baseou-se em uma pesquisa com 27 mil adultos transgêneros (Foto: CC0 Public Domain)

Transgêneros que fazem terapia de conversão sexual – prática similar à chamada “cura gay” – sobretudo quando crianças, são mais sujeitos a terem distúrbios psicológicos do que os trans que não foram submetidos a tratamentos do tipo. É o que aponta um estudo recém-publicado na revista científica JAMA Psychiatry.

O estudo baseou-se em uma pesquisa com 27 mil adultos transgêneros de diversas cidades e de bases militares nos EUA, divididos em grupos dos que haviam nascidos como meninos e meninas. O resultado da pesquisa mostrou uma incidência maior de problemas psíquicos e de casos de suicídios entre os transgêneros que haviam feito terapias de conversão sexual. A tendência suicida era ainda mais acentuada entre os que tinham feito tratamento na infância.

A terapia consiste em sessões de análise com psicanalistas e aconselhamento religioso em uma tentativa de reverter a identidade de gênero. Em alguns casos, os métodos terapêuticos visam criar um sentimento de repulsa por pensamentos e comportamentos contrários ao sexo biológico dos pacientes.

Com base em pesquisas bem fundamentadas, muitas associações de medicina e psiquiatria importantes se opõem aos tratamentos de conversão sexual. Em 2012, o estado da Califórnia e o Distrito de Columbia proibiram a prática.

De acordo com o Williams Institute, um centro de estudo sobre orientação sexual e identidade de gênero da Universidade da Califórnia, 1,4 milhão de adultos nos EUA definem-se como transgêneros. No universo LGBT, cerca de 700 mil pessoas fizeram terapia de conversão sexual, metade delas na infância.

Na opinião de Alex Keuroghlian, diretor do National LGBT Health Education Center do Fenway Institute e do Massachusetts General Hospital Psychiatry Gender Identity Program, muitos atribuem erroneamente um dano psicológico maior ao aconselhamento religioso.

“Na verdade, qualquer tentativa de fazer com que o transgênero se identifique com seu sexo de nascimento é terrível para o equilíbrio psíquico deles”, disse Keuroghlian.

William Byne, professor de psiquiatria clínica no Vagelos College of Physicians and Surgeons da Universidade de Columbia, disse que os transgêneros não se sentem valorizados pela sociedade e essa baixa estima agrava-se com as terapias de conversão sexual. “O dano psicológico é mais grave em crianças que ainda não desenvolveram uma autoestima forte”, disse Byne.

Para o psiquiatra Jack Turban do Massachusetts General Hospital e do McLean Hospital em Boston, os casos de suicídios em transgêneros submetidos a terapias de conversão sexual são extremamente preocupantes. “Essas terapias que fragilizam ainda mais as pessoas que vivem em um corpo que não é delas e que enfrentam a discriminação da sociedade precisam ser revistas”, disse Turban.The Washington Post

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