ALEMANHA MERKEL

A incerteza em relação ao futuro político de Angela Merkel

Posição política de Merkel está seriamente enfraquecida (Fonte: Reprodução/AFP)

No ambiente agitado da política europeia, com o isolacionismo dos Estados Unidos e a interferência da Rússia, havia a expectativa que a Alemanha assumisse uma posição de liderança. A chanceler Angela Merkel em seu quarto mandato resistiria à onda de populismo na Europa. Por sua vez, a parceria franco-alemã estimulada pelo presidente da França, Emmanuel Macron, poderia fortalecer a União Europeia. Mas os eleitores alemães tinham uma opinião diferente para o futuro de seu país.

Nas eleições de 24 de setembro, a coalizão dos partidos União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU), assim como o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), perderam quase 14% dos votos, com a votação em legendas de centro-direita e do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD). Sem maioria para governar a chanceler tentou negociar uma coalizão da CDU/CSU com o partido Democratas Livres (FDP) e os Verdes. Mas as negociações terminaram em 19 de novembro, com a saída do FDP.

A posição política de Merkel está seriamente enfraquecida. A chanceler tem hesitado em assumir um papel de mais relevância no mundo. Hoje, enfrenta uma crise de fragmentação política e impasse, um problema familiar a outros países, mas não para a Alemanha pós-guerra. A incerteza em relação ao futuro político de Merkel terá efeitos negativos para a Alemanha e a Europa.

Merkel tem três opções difíceis à sua frente. Poderá formar um governo de minoria com o FDP, ou com os Verdes, ou, só com a coalizão CDU/CSU. No entanto, embora outros países tenham governos minoritários, a Alemanha não tem essa experiência política. E na opinião da chanceler Merkel um governo minoritário não daria a estabilidade política necessária à Alemanha. O líder do FDP, Christian Lindner, não se interessa em participar do governo. Uma coalizão com os Verdes daria a Merkel o apoio do SPD.

A CDU já governou a Alemanha em dois governos em coligação com o SPD. O Partido Social-Democrata apoia o fortalecimento da zona do euro, o que permitiria trabalhar em estreita colaboração com o presidente Macron. Embora seja a opção preferida de Merkel, a negociação não será fácil. O líder do SPD, Martin Schulz, não quer mais cooperar com a CDU, apesar da pressão de alguns membros do partido, entre eles o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, para mudar de ideia.

Nesse contexto, a realização de uma nova eleição seria a opção a seguir, apesar dos riscos. É preciso obedecer ao prazo estabelecido pela Constituição para convocar novas eleições. Além disso, as negociações para a formação de coalizões são demoradas e, portanto, a Alemanha e a União Europeia (UE) podem ficar acéfalas até maio ou junho. Não há também garantia que os resultados de uma nova eleição sejam diferentes e que possa ser formado um governo de maioria. Angela Merkel disse que concorreria à nova eleição, mas seu futuro é incerto e sombrio.OPINIÃO

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