AMÉRICA LATINA ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

Corrupção prejudica eleições na América Latina

O aumento da criminalidade e a recessão em alguns países agravaram a insatisfação popular (Foto: Flickr/Conselho Nacional de Justiça)

Nos anais da democracia latino-americana, o empresário Marcelo Odebrecht ocupa um lugar especial nos registros de casos de corrupção. Do México à Argentina a Construtora Norberto Odebrecht subornou presidentes, ministros e políticos para ganhar contratos públicos, um exemplo nefasto seguido por outras empresas. O prejuízo aos cofres públicos ultrapassou o valor de US$3 bilhões. O custo intangível para a credibilidade e o prestígio da democracia na América Latina é incalculável.

As repercussões do escândalo da Odebrecht coincidem com um momento extremamente delicado para a política latino-americana. Em 19 de novembro, o Chile realizou o primeiro turno de sua eleição presidencial. Nos próximos 12 meses sete países latino-americanos escolherão seus presidentes, entre eles os dois gigantes regionais, Brasil e México. As eleições na Venezuela estão previstas para dezembro de 2018, embora seja improvável que o país realize eleições honestas sob o regime de Nicolás Maduro.

Os latino-americanos estão sendo convocados a votar em um momento em que as pesquisas indicam que a perda de confiança e credibilidade em seus governos atingiu o ponto máximo em 15 anos. Em grande parte por causa da corrupção, há um forte clima de rejeição às instituições e aos valores tradicionais da sociedade.

O aumento da criminalidade e a recessão em alguns países, após um período de crescimento econômico, agravaram a insatisfação popular. Esse conjunto de circunstâncias aponta para uma possível ascensão do nacionalismo populista na região.

É um risco, sobretudo no México, onde Andrés Manuel López Obrador, um populista de esquerda, lidera as pesquisas de intenção de votos para as eleições em julho. Mas outros fatores também influenciam esse cenário político, como o enfraquecimento da esquerda, dominante por mais de uma década na América do Sul, que começou com a vitória de Mauricio Macri na Argentina, em 2015. A provável vitória de Sebastián Piñera, um político de centro-direita no Chile, irá consolidar essa tendência.

A fragmentação política também favorece a ascensão de políticos populistas. As eleições no Brasil e na Colômbia ainda não têm candidatos definidos. Esse fato ajudou Jair Bolsonaro, um populista de extrema direita, a crescer nas pesquisas de intenção de votos no Brasil.

Os latino-americanos de classe média, um segmento importante do eleitorado atual, se opõe mais à corrupção e aos discursos populistas do que as classes com menor poder aquisitivo. Por esse motivo, López Obrador perdeu as duas últimas eleições presidenciais no México depois de liderar as pesquisas de opinião.

As eleições em dois turnos dificultam a vitória de candidatos de extrema direita ou de esquerda. Os eleitores tendem a votar em candidatos do centro no segundo turno. No Chile, o ex-presidente Sebastián Piñera (2010-2014) e o candidato de centro-esquerda, Alejandro Guillier, disputarão o segundo turno das eleições presidenciais em 17 de dezembro. As eleições também deverão ocorrer em dois turnos na Costa Rica, Colômbia e Brasil. Mas, em comum, as eleições ocorrem em um cenário de volatilidade política e insatisfação com os atuais governos e, portanto, com resultados inesperados.The Economist

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