CRESCIMENTO TEMPORÁRIO?

Salários de operários aumentam nos EUA

Uma mudança no poder econômico em relação aos trabalhadores é uma boa notícia, desde que a inflação permaneça baixa (Fonte: Reprodução/Getty Images)

Apesar da recuperação econômica após a crise financeira mundial, a estagnação dos salários era uma fonte de preocupação para os analistas dos EUA. Nos cinco anos subsequentes ao fim da recessão em junho de 2009, os salários aumentaram 8,7%, ao passo que os preços tiveram um aumento de 9,5%. Em 2014, os rendimentos médios dos trabalhadores eram iguais aos do ano 2000. Para muitos a estagnação salarial contribuiu para a eleição de Donald Trump à Casa Branca.

Mas, na verdade, a vitória de Trump coincidiu com uma mudança na vida da classe média. Em 2015, a renda familiar média, com ajuste pela inflação, aumentou 5,2% e, em 2016, teve um aumento de 3,2%. Nesses dois anos, as famílias mais pobres ganharam mais, em média, do que as mais ricas. Os salários dos operários também começaram a aumentar. No terceiro trimestre deste ano, o aumento dos salários dos operários, construtores e motoristas superou o de profissionais da área administrativa e de gerentes. Em alguns casos, o aumento salarial ultrapassou 4%.

Esse aumento salarial foi resultado da promessa de Trump de estimular a indústria, a mineração e o setor de energia? A explicação mais plausível é que sua eleição coincidiu com a diminuição de trabalhadores qualificados para preencher os postos de trabalho. Com a queda da taxa de desemprego em mais de 6% em meados de 2014 para 4,1% em 2017, os salários aumentaram proporcionalmente.

No início, os maiores beneficiários do mercado de trabalho mais retraído foram os profissionais do setor de serviços, como garçons e faxineiros. Há um ano, seus salários aumentaram, em média, 3,4%, mas, em seguida, tiveram uma pequena queda, ao passo que os salários dos trabalhadores de fábricas e operários continuaram a subir.

A forte demanda, e não o crescimento da produtividade, está beneficiando os trabalhadores. No setor industrial, por exemplo, a produção por hora trabalhada é 0,1% acima da hora há um ano. Ainda assim, a produção e os salários aumentaram. Uma das razões é a queda de quase 9% no preço do dólar do início do ano até meados de setembro. O dólar mais fraco e o fortalecimento da economia mundial estimularam a demanda por produtos americanos. Nos três primeiros trimestres de 2016 as exportações dos EUA aumentaram quase 4%.

Ao mesmo tempo, o aumento nos preços do barril de petróleo deu um novo impulso à exploração do gás de xisto. Segundo dados da empresa Baker Hughes, os EUA têm 907 plataformas de petróleo, um número bem superior ao das 568 plataformas em atividade há um ano. Na avaliação de economistas do banco UBS, o investimento em energia foi responsável por cerca de três quintos do crescimento econômico em 2017.

O aumento salarial de trabalhadores de fábricas, ou de profissionais que exercem trabalhos manuais e mecânicos ajudará a reduzir a desigualdade social, em especial, com a redução dos altos salários pagos a executivos. Um estudo recente do Economic Policy Institute mostrou que os salários de 1% dos executivos que ocupam cargos importantes em grandes empresas caíram 3,1% em 2016.

Após anos de desigualdade, uma mudança no poder econômico em relação aos trabalhadores é uma boa notícia, desde que a inflação permaneça baixa. Além dos benefícios socioeconômicos, o aumento dos salários ajuda a definir o destino dos políticos, quer mereçam ou não. As pequenas empresas sentiram-se mais confiantes com a vitória de Trump, mas é provável que o entusiasmo diminua ao longo do tempo. Sua promessa de desregulamentar o setor de energia estimulou os investimentos. No entanto, até o momento seu aparente sucesso econômico é um reflexo, sobretudo, de um momento de sorte.The Economist

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