BANCO MUNDIAL EM MEIO À POLÊMICA

Economista-chefe do Banco Mundial renuncia ao cargo

O motivo oficial para a renúncia de Romer não foi revelado (Foto: Flickr)

O economista-chefe do Banco Mundial, Paul Romer, renunciou na última quarta-feira, 24, em meio à polêmica referente as suas declarações a respeito do relatório de competitividade “Doing Business”, elaborado pelo órgão, em relação ao Chile.

Na ocasião, Romer criticou a forma como o relatório analisou a competitividade do Chile durante o governo da presidente Michelle Bachelet, indicando que o documento foi manipulado de forma injusta para prejudicar o país.

Através de seu blog, Romer publicou indícios de que o Chile havia sido pior avaliado no novo relatório devido a mudanças na metodologia do Banco Mundial para medir a competitividade dos países. Segundo o, agora, ex-economista-chefe, os resultados negativos para o Chile teriam “motivações políticas”. O economista boliviano Augusto López-Claro, responsável pela elaboração do ranking, negou as irregularidades na ocasião.

O motivo oficial para a renúncia de Romer, que estava no cargo desde 2016, não foi revelado. Com sua saída, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, abriu um processo para encontrar um novo substituto.

“Paul é um economista renomado e um indivíduo perspicaz. Tivemos ótimas conversas sobre assuntos geopolíticos, sobre urbanização e sobre o futuro do trabalho. Agradeço a franqueza e a honestidade de Paul, e sei que ele lamenta as circunstâncias de sua partida”, explicou Jim Yong Kim através de um comunicado a sua equipe.

Agora, Romer voltará a lecionar como professor na Universidade de Nova York depois de um ano como economista-chefe no Banco Mundial.

Entenda o caso

No dia 12 de janeiro, Paul Romer concedeu uma entrevista ao Wall Steet Journal, afirmando que uma série de mudanças metodológicas tinha prejudicado o Chile no relatório Doing Business, que lista aproximadamente 190 países com melhor ambiente para fazer negócios. Romer admitiu que os mandatos da presidente socialista Michelle Bachelet foram prejudicados por conta da manipulação no ranking.

Com isso, a credibilidade do Banco Mundial, que já está habituado a receber críticas após divulgação de relatórios, despencou. Romer, por sua vez, foi repudiado pela instituição.

A crise entre o Banco Mundial e o Chile sempre foi notável através do relatório Doing Business, lançado desde 2003. No primeiro governo de Bachelet, entre 2006 e 2010, o país sul-americano caiu da posição 25 para a 57, melhorando durante o governo conservador de Sebastián Piñera, entre 2010 e 2014, e voltando a cair quando a presidente Michelle Bachelet voltou ao poder.

O Banco Mundial negou que as mudanças de metodologia tenham viés político, explicando que as mesmas aconteceram em diferentes oportunidades ao longo dos anos. Romer, ainda como economista-chefe da instituição, disse que havia se expressado mal durante a entrevista, afirmando que não havia qualquer motivação política por trás do relatório, mas reiterando que os dados do ranking deveriam ser melhor explicados.

Romer não é o único a pensar que o estudo deveria ser mais detalhado. Muitos especialistas apontam que o ranking não analisa aspectos importantes, como a segurança, a infraestrutura ou a corrupção nos países avaliados. Em 2013, um grupo já havia proposto a eliminação do ranking global e uma mudança no título do estudo para evitar que seja visto como um instrumento político.El País

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