EUA INTERCEPTORES

Sistema de defesa antimíssil dos EUA precisa melhorar

EUA não têm um sistema de defesa antimíssil eficaz contra um ataque de um míssil balístico intercontinental (Fonte: Reprodução/The Economist)

Graças em grande parte a Kim Jong-un, ou o “homenzinho-foguete” como Donald Trump o chama, a defesa antimíssil dos EUA é um tema de discussões acaloradas. No próximo mês, a Casa Branca deve divulgar o relatório de avaliação do sistema de defesa do país contra o ataque de mísseis balísticos. Está prevista a alocação de uma verba no valor de US$11 bilhões este ano para a Agência de Defesa de Mísseis (MDA), US$3 bilhões acima do pedido original do presidente Trump, pressupondo que o Congresso chegue a um acordo sobre o orçamento do país. Em novembro, foi feito um pedido adicional de cerca de US$5 bilhões para acelerar o progresso do programa de defesa antimíssil.

Logo que assumiu a presidência, as agências de inteligência disseram a Trump que a Coreia do Norte só desenvolveria a tecnologia de fabricação de um míssil balístico intercontinental (ICBM) em 2020, ou talvez em 2022. Mas em julho a Coreia do Norte testou com sucesso dois mísseis capazes de atingir o continente americano e, em setembro, realizou um teste bem-sucedido com uma bomba de hidrogênio, que pode ser acoplada ao seu novo míssil balístico intercontinental.

Desde então, a prioridade tem sido tranquilizar os americanos que o sistema antimíssil do país é capaz de protegê-los de um ataque de Kim que, segundo o conselheiro de Segurança Nacional, Raymond McMaster, mostra-se irredutível em seu propósito de desenvolver armas nucleares. Em outubro, Trump disse a Sean Hannity da Fox News que os EUA tinham um sistema de defesa capaz de interceptar mísseis no espaço com 97% de chance de sucesso. Os especialistas ficaram aterrorizados com a confiança do presidente na eficácia do sistema de defesa intermediária de mísseis com base terrestre (GMD). Eles receiam que Trump possa pensar que os EUA estão protegidos de um ataque da Coreia do Norte.

Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, o governo Bush precisava de uma resposta à crescente ameaça da tecnologia de mísseis balísticos de países como o Irã, o Iraque e a Coreia do Norte. Depois de uma série de aperfeiçoamentos, hoje, o GMD consiste em um sistema que opera com base em satélites, radares terrestres e marítimos, além de 44 mísseis interceptores (GBI). O GMD destina-se a rastrear, interceptar e destruir uma ogiva nuclear fora da atmosfera terrestre com a força da colisão.

No entanto, apesar de um investimento de US$40 bilhões, o GMD é um sistema que ainda precisa ser aperfeiçoado. Os interceptores do GMD foram testados 18 vezes, com sucesso em apenas dez testes. Em maio do ano passado, uma intercepção bem-sucedida foi realizada pela primeira vez contra um míssil balístico intercontinental.

A afirmação de Trump que o GMD teria 97% de chance de interceptar um míssil inimigo baseia-se em um equívoco a respeito dos cálculos da MDA. A probabilidade atual de sucesso dos interceptores do GMD é de 56%. Na avaliação da MDA se quatro interceptores fossem lançados em direção a uma ogiva nuclear, a probabilidade de destruí-la aumentaria para 97%. No entanto, James Acton, um especialista em política nuclear do Carnegie Endowment for International Peace, questiona essa avaliação. “Se um interceptor falhar por uma questão técnica, os outros também irão falhar porque têm o mesmo problema.”

Segundo Acton, o sistema poderia ficar mais eficaz com o aumento de 100 interceptores localizados na base militar For Gruly, no Alasca. Outra possibilidade é acelerar o desenvolvimento do Multi-Object Kill Vehicle, previsto para ser concluído em 2025, que aumentaria a capacidade de ataque dos interceptores, com o lançamento de foguetes de propulsão. Uma opção mais radical seria o desenvolvimento de lasers de estado sólido de alta potência, que seriam transportados por aviões-robô para destruírem os mísseis em sua fase inicial de voo. Mas é um projeto que pode demorar 10 anos até ser concluído. Enquanto isso, alguém deveria dizer ao presidente Trump que, pelo menos em um futuro próximo, os EUA não têm um sistema de defesa antimíssil eficaz contra um ataque de um míssil balístico intercontinental.The Economist

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