BRASIL AUMENTO DE EMPREGO

Desemprego no Brasil terá primeira queda desde 2014, aponta OIT

Aproximadamente 46% dos empregados brasileiros trabalham de maneira informal (Foto: Pixabay)

A taxa de desemprego no Brasil deve ter uma queda significativa em 2018, passando de 12,9%, registrado em 2017, para 11,9%, segundo o relatório “Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo: Tendências 2018”, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado na última segunda-feira, 22. Será a primeira grande queda na taxa de desemprego registrada desde 2014.

Mesmo com uma queda de um ponto percentual, os empregos vulneráveis – quando o trabalhador não tem acesso à seguridade social – devem passar de 25,3% para 25,8% em 2018. De acordo com o relatório da OIT, a alta é devido à crise econômica no Brasil, que obrigou as pessoas a trabalharem por conta própria ou sem carteira assinada.

O Ministério da Fazenda estima que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro terá um avanço de 3% este ano. De acordo com um dos autores do relatório da OIT, o economista Stefan Kühn, a melhoria na economia do Brasil teve reflexo no mercado de trabalho, fazendo com que as taxas de emprego melhorem ao longo de 2018.

“O Brasil sofreu uma grande contração econômica, que também resultou de uma forte queda dos preços das commodities no mercado internacional, em conjunto com desequilíbrios internos e externos. Isso empurrou milhões de pessoas para o desemprego, e muito mais para empregos de baixa qualidade, deixando a economia brasileira operando bem abaixo de sua capacidade”, destacou o economista.

Aproximadamente 46% dos empregados brasileiros trabalham de maneira informal. Enquanto isso, a média entre os países da América Latina e Caribe está em torno de 58%, com Uruguai tendo a menor taxa, em 24,5%, e a Bolívia tendo a maior, com 83% dos trabalhadores atuando na informalidade.

“Essa taxa no Brasil se deve, em parte, a motivos estruturais, mas também à crise econômica, já que o setor informal atua como última alternativa como empregador nos casos em que a segurança social não fornece apoio suficiente para os desempregados. A estabilização do preço das commodities e a melhoria da perspectiva de crescimento global dão estímulos para levar o Brasil para um caminho de crescimento, embora a um nível moderado”, apontou Kühn.

As projeções da OIT preveem que o desemprego global deve ficar próximo a taxa de 5,6%, alcançada em 2017, representando mais de 192 milhões de desempregados ao redor do planeta.

Nos países desenvolvidos, a taxa de desemprego deve cair 0,2% em 2018, chegando a 5,5%, sendo menor do que números representados antes da crise econômica mundial. Isso tudo ocorre graças ao crescimento acima do esperado nos anos de 2016 e 2017, quando as nações desenvolvidas tiveram um forte desempenho no mercado de trabalho.

Já na América Latina e no Caribe, a taxa de desemprego deve passar de 8,2%, registrada em 2017, para 7,7% apenas em 2019, estando longe de recuperar das quedas de empregos registradas nos últimos anos.

“Embora o desemprego global tenha se estabilizado, os déficits de trabalho decente continuam generalizados, e a economia global ainda não está criando empregos suficientes”, explicou o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.

Crescimento de empregos vulneráveis

Segundo o relatório da OIT, a redução de empregos vulneráveis está congelada desde 2012, acreditando que 1,4 bilhão de empregados estavam neste tipo de trabalho em 2017, com mais 35 milhões de trabalhadores se juntando a eles até 2019. Os países em desenvolvimento são os mais afetados por essa prática, atingindo três a cada quatro trabalhadores.

Apesar do número alarmante, o relatório também mostra que o número de trabalhadores que vivem abaixo da linha da pobreza tem diminuído em países em desenvolvimento, com o número podendo chegar em 176 milhões em 2018, cerca de 7,2% de todas as pessoas com emprego.

“No entanto, nos países em desenvolvimento, o progresso na redução do número de trabalhadores vivendo abaixo da linha da pobreza é muito lento para acompanhar a expansão da força de trabalho. Espera-se que o número de trabalhadores que vivem em extrema pobreza permaneça acima de 114 milhões nos próximos anos, afetando 40% de todas as pessoas empregadas [contratadas] em 2018”, explicou o economista Stefan Kühn.

O número de trabalhadores homens e mulheres também chama a atenção, com uma diferença de 26%, uma taxa particularmente grande no norte da África e nos Estados Árabes, onde as mulheres têm o dobro de chances de ficarem desempregadas. Ou seja, existem menos mulheres empregadas e, quando estão empregadas, normalmente ocupam postos inferiores e com salários mais baixos.

Os empregos nos setores agrícola e industrial – onde os trabalhos informais e vulneráveis são mais frequentes – seguem em queda, enquanto as vagas no setor de serviço alavancam o crescimento da taxa de empregos.

O relatório da OIT ainda analisa o envelhecimento da população, afirmando que mesmo o crescimento da taxa de emprego não será capaz de compensar a expansão dos aposentados. Segundo o estudo, a média de idade vai aumentar de pouco menos de 40 anos para mais de 41 anos até 2030.

“Além do desafio que um número crescente de aposentados cria para os sistemas de pensão, uma força de trabalho cada vez mais velha também deve ter um impacto direto nos mercados de trabalho. O envelhecimento pode reduzir a produtividade e diminuir os ajustes do mercado de trabalho após choques econômicos”, finalizou o diretor interino do departamento de pesquisa da OIT, Sangheon Lee.DW

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