Grandes descobertas através dos dentes
Os amonites eram ao mesmo tempo predadores e presas
Quem se alimentava de quem nas cadeias alimentares do passado, é uma informação muito pouco clara. Embora seja óbvio quais espécies eram predadoras e quais eram presas, alguns sutis detalhes dos hábitos alimentares, que permitem diversos tipos de carnívoros habitarem o mesmo espaço, dificilmente estão preservados no registro fóssil.
Dificilmente, mas não nunca. É por isso que uma recente descoberta de um molusco jurássico já extinto, conhecido como amonite, com um dente de tubarão incorporado em sua concha, tem animado os paleontólogos. O molusco em questão, cientificamente conhecido como Orthaspidoceras, uma espécie que viveu cerca de 155 milhões de anos atrás, fazia parte de uma coleção de um amador que não tinha noção do significado do que havia encontrado. Romain Vullo, da Universidade de Rennes, entretanto, sabia o valor da descoberta e a trouxe para o campo de visão da ciência.
Os amonites eram ao mesmo tempo predadores e presas. Ocupavam uma posição nos oceanos mesozóicos semelhante a que a lula atualmente ocupa. Como este animal moderno, nadavam através de tentáculos, e, diferentemente deste animal, possuíam conchas protetores. Essas conchas eram divididas internamente em estruturas semelhantes a câmaras de gás, permitindo que o animal se movesse como uma propulsão a jato.
O que os amonites comiam ficou claro no início deste ano quando um raio-x mostrou um pequeno crustáceo nas garras de uma espécie denominada baculites. Entretanto, saber sobre seus predadores só foi possível, de maneira inequívoca, quando foram descobertos fósseis de amonites com marcas de dentes. As marcas parecem terem sido feitas por predadores répteis, chamados mosassauros. Alguns também parecem ter sido atacados por bicos de outros cefalópodes, e outros mordidos por tubarões. Além disso, coprólitos - como os paleontólogos educadamente descrevem as fezes fósseis – têm aparecido com conchas de amonites incluídas. Comparado com as evacuações modernas, aquelas provavelmente pertenciam aos tubarões.
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