A verdade sobre Guantánamo
Documentos divulgados pelo WikiLeaks revelam abusos dos EUA na prisão de Guantánamo
WASHINGTON - Um conjunto de mais de 700 documentos secretos divulgados pelo WikiLeaks mostram que o governo dos Estados Unidos usou a prisão de Guantánamo, em Cuba, para obter informações dos detentos a qualquer custo, fossem inocentes ou não. O material refere-se a avaliações de 759 dos 779 presos que passaram pelo local feitas por militares entre fevereiro de 2002 e janeiro de 2009. O governo Obama classificou a publicação dos memorando como "infeliz".
Os documentos mostram que os prisioneiros são classificados de acordo com a qualidade das informações que podem prover e o risco que representam para a segurança americana, independentemente de serem inocentes ou culpados. Ao menos 150 dos presos eram afegãos e paquistaneses inocentes, incluindo motoristas, agricultores e cozinheiros, que foram detidos durante operações de inteligência em zonas de guerra. Muitos destes permaneceram detidos durante anos devido a confusões de identidade ou simplesmente por terem estado no lugar errado na hora errada
Ainda de acordo com os memorandos, os 172 presos que ainda permanecem em Guantánamo - criada após o 11 de setembro de 2001 pelo então presidente George W. Bush para abrigar presos da guerra no Afeganistão - são classificados como "alto risco" para os EUA e aliados. Cerca de um terço dos 604 detentos que já foram enviados para outros países também foram catalogados como de "alto risco" antes de serem libertados ou entregues a outros governos.
Os documentos também revelaram detalhes de supostos planos de ataques terroristas a alvos na Inglaterra e nos Estados Unidos. Em interrogatórios, os presos teriam mencionado a suposta existência de uma arma nuclear a ser detonada na Europa em caso de prisão do líder da rede extremista Al-Qaeda, Osama Bin Laden. Entre outros supostos planos, estaria o de impregnar o sistema de ar condicionado de edifícios públicos americanos com cianeto, um veneno mortal, e recrutar militantes no aeroporto londrino de Heathrow, o mais movimentado da Europa.
O governo americano criticou a decisão da mídia internacional divulgar "informações delicadas".
- É lamentável que diversas organizações de mídia tenham tomado a decisão de publicar numerosos documentos obtidos ilegalmente pelo WikiLeaks sobre a prisão de Guantánamo - disse o embaixador Daniel Fried, assessor especial do governo Obama para detentos.
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