Elas ainda são poucas no poder


No Brasil, embora uma mulher tenha alcançado a presidência, os avanços ainda são tímidos

União Europeia discute medidas para incentivar a maior participação feminina em cargos de liderança. Por Fernanda Dias

As mulheres já conquistaram uma boa parcela das vagas das universidades e do mercado de trabalho. No Brasil, uma delas alcançou o cargo mais importante do país nas últimas eleições. Mas os avanços ainda são tímidos no que se refere a cargos de liderança. E o problema não é só brasileiro. Em março, a União Europeia, que têm apenas 12% dos cargos de responsabilidade nas empresas em mãos femininas, emitiu um ultimato para as grandes companhias: se não integrarem mais mulheres em cargos de gerência, sanções corretivas serão instituídas. A Comissão Europeia deu prazo de um ano para que ocorram mudanças. A medida, no entanto, tem causado polêmica.

Os defensores dizem que, sem imposição, nunca haverá o equilíbrio no mundo dos negócios. Já os contrários à proposta argumentam que o sistema é injusto e causará uma nova forma de discriminação.

“A cota não seria o certo porque a chance de criar um preconceito é muito grande, e a ascensão das mulheres seria questionada o tempo todo. O ideal é que os governos promovam uma conscientização baseada em fatos. Uma pesquisa publicada na Revista Fortune 500 mostra, por exemplo, que as grandes empresas dos EUA que têm mulheres no poder alcançaram, nos últimos anos, rentabilidade maior do que as dirigidas por homens”, afirma Renato Grinberg, diretor geral do portal “Trabalhando.com”.

Para ele, as leis deveriam intervir para equiparar a ainda existente discrepância de salários entre os sexos: “Isso está mudando. Mas a prática ainda é frequente em alguns setores e deve ser combatida”.

O consultor em desenvolvimento gerencial e capacitação de lideranças Cesar Pinheiro também concorda que “qualquer medida impositiva corre o risco de ser percebida como uma forma de discriminação por aqueles que não forem contemplados pelos benefícios da ideia”. Ele pondera, entretanto, que há de se reconhecer a contribuição da iniciativa: “Se bem aproveitada pelas organizações, como mais um apoio para a quebra dos paradigmas, poderemos ter respostas interessantes e ratificadoras das competências femininas, além daquelas tradicionalmente reconhecidas”.

Segundo o jornal espanhol El País, em Luxemburgo, Portugal e Malta menos de 5% dos diretores de grandes empresas são mulheres. A baixa presença de mulheres na liderança não se justifica por falta de estudo. O problema é que elas se formam, chegam ao mercado de trabalho, mas não ascendem.

Uma pesquisa realizada pelo portal “Trabalhando.com” com 240 mulheres mostrou que 68% delas acreditam que o preconceito sofrido dentro da empresa e com a própria equipe seja o principal obstáculo enfrentado para alcançar cargos de chefia. A dificuldade de conciliar a vida familiar com a carreira (24%) e o medo de competir com o parceiro (8%) também foram problemas apontados pelas entrevistadas.

“Algumas mulheres têm dificuldade de impor posição e chegam a se perder na questão de ser feminina e ter comando. Principalmente as que lidam com muitos homens, como no mercado da Engenharia Civil, buscam manter uma postura masculina, agindo através da força para liderar. Mas o que o mercado realmente espera delas é o lado feminino, que tende a ouvir mais os funcionários”, ressalta Renato.

Diante da pressão da União Europeia, a França vai exigir que as empresas com mais de 500 funcionários tenham um contingente feminino de pelo menos 40% em conselhos de administração nos próximos seis anos. A Itália, que atualmente tem apenas 5% das mulheres ocupando esses cargos, está em fase de análise de uma lei que vai exigir que o percentual passe para 20% em 2012 e 30% em 2015. Na Espanha, a Lei da Igualdade estabelece uma meta de paridade em 2015. Mas, por enquanto, é apenas uma recomendação.

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