O museu do futuro

Como imagens tridimensionais podem mudar nossa forma de apreciar a arte


Compartilhamento de imagens digitais tridimensionais, uma realidade próxima. (Reprodução/Bloomberg)

Quando Cosmo Wenman visitou o Museu J. Paul Getty em Los Angeles no final de maio, ele fez o que muitas pessoas fazem.

Fotografou algumas de suas esculturas favoritas. Mas ao invés de alguns flashes, Wennman tirou centenas de fotos, documentando bustos e relevos de todos os ângulos acessíveis. Então ele fez algo bem incomum, mas prestes a se tornar comum.

Wennman transformou as fotos em mapas tridimensionais, utilizando um programa gratuito chamado Autodesk 123D Catch. Depois ele usou o programa para imprimir réplicas de plástico em miniatura na sua impressora MakerBot 3-D de US$2 mil em seu escritório caseiro. E ele disponibilizou gratuitamente um de seus melhores scans, postando-o no site Thingiverse, onde os admiradores das impressoras 3D MakerBot compartilham imagens digitais.

No site Thingiverse você também encontra mapas de cerca de 36 outras esculturas do Metropolitan Museum of Art (MET) em Nova York .

Diferentemente da aventura amadora e solitária de Wennman, essas imagens são resultado de uma parceria oficial entre MakerBot Industries LLC e o MET. Este mês o museu terá dois dias de exposição dedicados à ‘Hackathon’, onde artistas trabalham junto com os membros da equipe MakerBot e equipamentos que utilizam o mesmo processo para criar imagens e réplicas de esculturas do MET, assim como seus próprios trabalhos.

Imagens digitais

A tecnologia ainda é primitiva e frustrante, e as imagens produzidas ainda estão longe da perfeição, mas o futuro está claro. As obras primas de arte tridimensional estão se juntando aos conteúdos digitais. Para os amantes da arte esse momento tecnológico representa uma tremenda oportunidade. A combinação entre imagens digitais e impressões em 3D de baixo custo poderia fazer para a arte tridimensional o que a impressão tem feito para pinturas e desenhos ao longo de 500 anos: tornar esses trabalhos conhecidos, admirados e visualmente influentes a pessoas que nunca teriam a chance de vê-los pessoalmente.

“Se você é um professor de arte que sabe usar o MakerBot, você consegue criar uma seção do MET e mostrar durante a aula para incentivar seus alunos”, diz Bre Pettis, cofundador e chefe executivo do MakerBot Industries. É uma chance, nas palavras de Wennman, para “espalhar reproduções de tesouros da arte para além das paredes dos palácios das elites”.

A questão é como os palácios das elites irão reagir. As instituições que detêm os originais apoiam a ideia de tornar os fazer mapas digitais públicos? Ou os museus tentarão bloquear as versões digitais de seus tesouros para que a reprodução se torne pirataria?

Pettis diz que nunca negou que a digitalização de esculturas requer um ‘assalto’ virtual que envolve um scanner caro e muito subterfúgio.

Audiência Global

Museus são, antes de tudo, institutos educacionais sem fins lucrativos dirigidos por amantes das artes que querem compartilhá-la. Eles têm advogados que cuidam dos direitos autorais das obras, claro. Geralmente, os museus têm a posse dos objetos, mas não seus direitos de reprodução. Mas quando o assunto são objetos com mais de um século, vamos torcer para que a ideia de uma pequena loja de presentes empalideça diante da emoção de alcançar uma nova e entusiasmante audiência global.

“É muito animador ver as pessoas se interessarem pela nossa coleção”, disse John Giurini, diretor assistente de assuntos públicos do Museu Getty, quando questionado sobre um vídeo no Youtube postado por Wennman sobre seu projeto.Bloomberg-3

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