Verde com pitadas de cinza

O futuro da energia limpa


China é o país que mais emite dióxido de carbono, por isso seu destino é uma questão crucial na campanha frenética contra a mudança climática (Reprodução/The Economist)

Quão verde a China se tornará? Esta é a pergunta feita pelo novo relatório, “”A greener shade of grey: A special report on renewable energy in China” (Um tonalidade mais cinza de verde: Um relatório especial sobre energia renovável na China), publicado pela Economist Intelligence Unit (EIU), uma empresa parceira de The Economist. Uma vez que a China é o país que mais emite dióxido de carbono, seu destino é uma questão crucial na campanha frenética contra a mudança climática.

Até agora, a abordagem chinesa de limpar a sua matriz energética não tinha impressionado ninguém por sua sofisticação. Metas foram estabelecidas e subsídios distribuídos. Um plano quinquenal que terminou no ano passado demandava um aumento de 20% em eficiência energética (uma medida de quanta energia é necessária para produzir uma unidade de produto). A China não a alcançou – ficou 1 ponto percentual abaixo – e dessa vez a meta é mais modesta (16%). Mas pelo menos o plano mais recente é o primeiro a conter uma meta específica para a intensidade de carbono (17%).

Por outro lado, as barreiras estruturais à limpeza energética da economia chinesa são consideráveis. Uma dependência de indústrias pesadas com uso intensivo de energia está no topo da lista. Persuadir funcionários públicos locais, que têm seu desempenho avaliado a partir de critérios econômicos, a arriscar sacrificar crescimento em prol de produtos menos poluentes é outro empecilho sistêmico. Provavelmente a maior razão para o pessimismo, contudo, são as abundantes reservas de carvão (barato) da China – a terceira maior do mundo.

O reinado do carvão na China está programado para aumentar. O plano quinquenal atual (2011-2015) estabelece um plano de construir 14 grandes “bases de carvão”. Em termos relativos, o uso de carvão pela China cairá de 66% hoje para 59% ao fim da década, de acordo com a EIU. Ainda assim a China queimará mais deste combustível conforme o seu uso global de energia precise crescer. Nas medidas da EIU, energias renováveis (a queima de lixo para gerar energia inclusive) mais energia nuclear serão responsáveis por 16% da matriz energética chinesa em 2020, um aumento em relação aos 12% de 2010. Mas a emissão de carbono geral aumentará em mais de 40% nesta década.

Caso este prognóstico se revele correto, o prospecto global para o uso de energia na China é cinza com apenas algumas pitadas de verde. Sob o ponto de vista da salvação do planeta, isso é profundamente preocupante. Não obstante, o impulso verde de Beijing também encorajou o crescimento de um setor de tecnologia limpa que está reduzindo o custo de energias renováveis para o mundo inteiro. Esta pode se revelar a contribuição mais duradoura da China para a luta contra a mudança climática.

The Economist

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