Uma demência coletiva

A religião que prega a adoração dos líderes norte-coreanos


Ocidente não levou o juche suficientemente a sério, ou se deu conta de como as autoridades têm obtido relativo sucesso em controlar as mentes dos seus cidadãos (Reprodução/Internet)

Qual é a décima religião com o décimo maior rebanho do mundo? De acordo com o www.adherents.com, um site que coleta dados de muitas fontes sobre a fé, essa honra vai para o juche, a ideologia nacional da Coreia do Norte, à qual são atribuídos 19 milhões de seguidores. Conforme explica o editor do site, “de um ponto de vista sociológico, trata-se, claramente, de uma religião”. O juche é mais evidentemente religioso do que o comunismo soviético ou o maoísmo. Thomas J. Belke, um teólogo protestante americano que escreveu um livro sobre o juche, concorda que se trata de uma religião. “Há um sistema de crença abrangente, lugares sagrados, costumes distintos… e deixa outras religiões para trás”.

Não é preciso nenhum gênio da sociologia para perceber que o culto ao fundador do estado norte-coreano, Kim Il Sung, e ao seu filho e sucessor, Kim Jong Il, que governou de 1994 a 2011 compartilha muitas características com outros credos estabelecidos. Imagens dos Kims, e seus pronunciamentos cheios de sabedoria, preenchem o campo sensorial de cada norte-coreano,da mesma maneira que o cristianismo permeou a vida diária na Europa Medieval ou no Império Bizantino. O fundador é, às vezes, representado como uma espécie de deus, e seu sucessor como o “filho de um deus” – uma fórmula que possui ecos na teologia cristã. Se o último membro da dinastia a ser coroado, Kim Jong Um, tem alguma legitimidade, é como neto de uma figura divina e filho de outra.O jovem descendente está começando a acumular seus próprios títulos laudatórios.

A adoração aos Kims é apenas uma parte do juche, cujo princípio nuclear é a auto dependência: a ideia de que a Coreia do Norte está sob ameaça eterna e deve, assim, buscar autossuficiência econômica e militar para sobreviver. Mas é claro que as duas coisas estão relacionadas: quanto maior a ameaça à nação, maior a necessidade de um protetor sobrenatural. Rob Montz, um jovem documentarista americano, acabou de finalizar um filme sobre a propaganda norte-coreana, chamado “Juche Strong”. Ele salienta que o ocidente não levou o juche suficientemente a sério, ou sequer se deu conta de como as autoridades tem obtido relativo sucesso em controlar as mentes dos seus cidadãos.The Economist

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