FUTURO INCERTO

Como o Brexit afeta a saúde mental dos britânicos

Segundo autor do estudo, futuro incerto contribuiu para a tendência (Foto: Pixabay)

Segundo um novo estudo, o número de antidepressivos receitados por médicos britânicos aumentou após o referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia (UE), o Brexit, em 23 de junho de 2016.

Os pesquisadores do King’s College de Londres e da Universidade de Harvard envolvidos no estudo atribuem o aumento do consumo de antidepressivos à incerteza sobre o futuro do país.

Os pesquisadores analisaram dados sobre o uso de antidepressivos no período de julho de 2011 a 2016 em 326 distritos eleitorais. Em seguida, compararam as informações com o consumo de medicamentos para doenças não relacionadas a distúrbios psíquicos, como gota, anemia e problemas de tireoide.

De acordo com um artigo publicado na revista científica BMJ, a venda de antidepressivos aumentou 13,4% após o referendo do Brexit, em comparação com outros medicamentos.

“Essa pesquisa, assim como as anteriores, mostrou que os acontecimentos que afetam a estabilidade política ou econômica de um país causam ansiedade e estresse nas pessoas”, disse Sotiris Vandoros, professor de economia da saúde na King’s Business School e principal autor do estudo.

“O futuro incerto no qual estava em jogo a manutenção dos empregos, a transferência de empresas para outros países e a permanência dos cidadãos da UE no Reino Unido, entre outras preocupações, provocou o aumento do uso de antidepressivos”, disse Vandoros.

Uma pesquisa anterior de Vandoros indicou um aumento de acidentes de trânsito nos dois primeiros dias após o anúncio da adoção de medidas de austeridade, como cortes de salários e de pensões.

“Em minha opinião a relação entre o referendo do Brexit e o uso de antidepressivos é uma questão mais complexa”, disse Ian David Cummins, professor de serviço social da Universidade de Salford. Segundo ele, o estudo precisa inserir o Brexit em um contexto mais amplo da política de austeridade do governo e da crescente desigualdade social e econômica no Reino Unido.

Um relatório recente da ONU mostrou que as medidas de austeridade no Reino Unido causaram o empobrecimento de 14 milhões de pessoas, o equivalente a um quinto da população.

Allan Young, professor de psiquiatria do Instituto de Psiquiatria e Neurociência do King’s College de Londres, observou que “o consumo de antidepressivos aumentou no Reino Unido nos últimos anos, em razão de uma série de fatores, entre os quais um cenário incerto de estabilidade econômica”.

Segundo a organização sem fins lucrativos Money and Mental Health, um em cada quatro adultos britânicos com dificuldades financeiras sofre de insônia e tem crises de ansiedade.

No final do estudo, os pesquisadores recomendaram a adoção de políticas mais consistentes de apoio à saúde mental em períodos de incerteza. “Os distúrbios psíquicos”, escreveram, “afetam o desempenho econômico e a coesão social”.CNN

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