SAÚDE AÇUCAR

Acordo para redução de açúcar tem metas brandas

Metas foram fixadas pelas próprias empresas e não há punição em caso de desrespeito (Foto: Wilson Dias/ABr)

O Ministério da Saúde assinou um acordo com indústrias do setor alimentício que visa reduzir em 144 mil toneladas a quantidade de açúcar presente em uma gama de produtos consumidos no país. A expectativa é de que a meta seja atingida até 2022.

Anunciado na última segunda-feira, 26, pelo ministro da Saúde, Gilberto Occhi, o acordo foi firmado com 68 empresas do setor e envolve 1.147 produtos que terão de ter a quantidade de açúcar reduzida.

De acordo com o Ministério da Saúde, o acordo faz do Brasil um dos primeiros do mundo a buscar um pacto com a indústria de alimentos para reduzir a quantidade de açúcar em industrializados.

A ideia é seguir o mesmo parâmetro do acordo feito para a redução do sódio, que, segundo a Pasta, em quatro anos de vigência, foi capaz de retirar mais de 17 mil toneladas de sódio dos alimentos processados.

“Este acordo tem um prazo de validade, em uma busca permanente dos melhores indicadores, mas acredito que valerá sempre. Este é um grande segundo evento, o primeiro foi feito há alguns anos com a redução do sódio e temos tido muito sucesso com esta redução”, disse Occhi, em coletiva para detalhar o acordo.

No entanto, segundo levantou o portal UoL, a meta é tímida. Estipulada pelas próprias empresas do setor, ela não abrange os produtos mais vendidos no país, como refrigerantes e achocolatados.

Isso porque o acordo prevê que refrigerantes terão de reduzir 11 gramas de açúcar por 100 ml até 2020; e 10,6 gramas por 100 ml até 2022. Porém, atualmente, a Coca-Cola, por exemplo, já passa ao largo desta meta, uma vez que contém 10,5 gramas de açúcar a cada 100 ml.

Outro produto amplamente consumido usado como exemplo é o achocolatado Nescau. Pelo acordo, achocolatados terão de reduzir 90,3 gramas de açúcar para cada 100 gramas do produto até 2020; e 85 gramas até 2022. Porém, o Nescau tem hoje 75 gramas de açúcar para cada 100 gramas do produto – o que já o coloca abaixo da meta determinada para 2022.

Diante disso, nutricionistas acreditam que o acordo surtirá pouco efeito na redução de doenças ligadas ao consumo excessivo de açúcar, como diabetes e hipertensão. “Nossa expectativa é que ele não vá surtir muito efeito na prevenção de doenças crônicas”, disse a nutricionista Ana Paula Bortoletto, que comanda o Programa de Alimentação Saudável do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

Em 2014, Bortoletto também apontou a pouca eficiência do acordo firmado para a redução do sódio. Isso porque os produtos abrangidos pelo acordo já continham teor de sódio muito próximo ou abaixo das metas estabelecidas. “Mais uma vez, as metas se mostram muito brandas e não exigem grandes esforços da indústria para atingi-las”, disse Bortolettona na época.

Além disso – assim como no acordo para redução de sódio – a adesão ao acordo atual é voluntária e não há punição para empresas que desrespeitarem a meta estabelecida.

Atualmente, o consumo de açúcar no Brasil supera o patamar ideal de consumo determinado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Um adulto brasileiro consome por dia 80 gramas de açúcar, número acima dos 50 gramas determinados pela OMS.portal UoL

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