MINISTRO DO MEIO AMBIENTE

Partido Novo se distancia de Ricardo Salles

Ricardo Salles tem sido alvo constante devido aos incêndios na Amazônia (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

O deputado estadual Chicão Bulhões (Novo-RJ) entrou com um pedido na Comissão de Ética da legenda solicitando o afastamento do ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente. O parlamentar anunciou a medida no último domingo, 25, pelas redes sociais.

De acordo com Bulhões, a “postura inadequada” e o “histórico de constrangimentos” são alguns dos motivos que levaram-no, juntamente com Ricardo Rangel e Marcelo Trindade – também filiados ao Novo -, a pedir o afastamento de Salles da legenda.

“Entendemos que Salles tem atuado com grande convicção na adoção de condutas divergentes com os programas do Partido NOVO no tema ambiental, demitindo profissionais qualificados, desdenhando de dados científicos e revogando políticas públicas sem debate prévio. […] Atitudes como essa reduzem a capacidade de interlocução do país com seus pares internacionais e geram instabilidade. Isto, por si só, já constitui violação dos princípios e valores do Partido NOVO, que prega a atuação ética e profissional dos agentes públicos!”, escreveu Bulhões.

O pedido do deputado estadual vem na sequência de uma nota divulgada pelo partido Novo, na última quinta-feira, 22, na qual a legenda esclarece que Ricardo Salles não foi uma indicação do partido, mas uma escolha do presidente Jair Bolsonaro. Segundo o comunicado, Salles é apenas um dos 47.739 filiados à legenda, sem participação em atividades partidárias ou cargos dentro do partido.

“Não há qualquer interferência ou participação do partido na gestão do Ministério do Meio Ambiente. O ministro não mantém nenhum contato com o partido quanto aos seus planos, metas e objetivos para a pasta. Só temos conhecimento das suas ações quando divulgadas publicamente”, esclareceu a nota do partido Novo.

A legenda revelou ainda que, no último dia 31 de maio, emitiu uma resolução para que “qualquer filiado que venha a participar em um cargo público relevante em qualquer instância de governo”, desde que não tenha sido indicação do Novo, peça suspensão da filiação do partido. A medida, porém, não se enquadra a Salles, pois não tem efeito retroativo. Porém, Bulhões pede a reinterpretação da resolução.

Na última sexta-feira, 23, foi a vez do presidente nacional do partido, João Amoêdo, se posicionar sobre a questão ambiental. Sem citar o nome de Ricardo Salles ou medidas específicas adotadas pela política ambiental do governo Bolsonaro, Amoêdo condenou as atividades ilegais praticadas na Floresta Amazônica.

“Acredito que o roteiro para evoluirmos como nação começa com uma atitude baseada em princípios: a convicção no livre mercado, a defesa intransigente da liberdade, a postura aberta ao diálogo amplo e cordial com todos (ninguém é o dono da verdade), a preocupação com resultados, a busca de dados e evidências e a defesa firme de ideias e conceitos – e não de pessoas […] Temos um compromisso com as próximas gerações. Quero viver em um país com florestas conservadas, biodiversidade protegida, rios recuperados, esgoto tratado, que use de forma inteligente e produtiva os recursos naturais”, escreveu Amoêdo.

O distanciamento de Ricardo Salles, porém, não é unanimidade entre membros do partido. O deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS), um dos mais conhecidos da legenda, defendeu o ministro do Meio Ambiente na última sexta-feira. O parlamentar apontou a seriedade do assunto, mas destacou o trabalho de Salles, desejando um bom trabalho ao ministro.

“Não pensem que é fácil falar sobre esse assunto. Não é minha temática principal, nem vivo na Amazônia Legal. […] Mas não dá pra ficar calado. […] São tantos fatores envolvidos que é irresponsabilidade sair dizendo qualquer coisa – e isso vale para TODOS os lados”, destacou van Hattem.

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