OMS ÁFRICA

África às portas de ser declarada livre da poliomielite

O último caso foi registrado no estado de Borno em agosto de 2016 (Foto: A. Mukeba/Usaid)

A África está prestes a ser declarada livre da poliomielite após três anos sem nenhum caso registrado da doença, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A Nigéria marcou três anos sem um caso de pólio na última semana, o que foi classificado pela OMS como um “grande marco”. Se não forem detectados mais casos nos próximos meses, a África poderá ser oficialmente declarada livre da poliomielite em 2020. O último caso foi registrado no estado de Borno em agosto de 2016.

A médica Matshidiso Moeti, diretora regional da OMS para a África, disse: “Estamos confiantes de que em breve estaremos anunciando a certificação dos países que, de uma vez por todas, erradicaram a pólio da África”.

Ela acrescentou que erradicar a doença não tem sido fácil e elogiou o “esforço monumental” dos profissionais de saúde “em uma escala sem precedentes”. Ela disse que a supervisão exaustiva da saúde das pessoas foi um fator significativo no progresso.

Em 2012, 200 crianças na Nigéria foram afetadas pela poliomielite, doença que pode causar paralisia e complicações de saúde ao longo da vida. O número representou mais da metade de todos os casos registrados no mundo naquele ano. Os afetados estavam particularmente concentrados no nordeste do país, onde a atividade do Boko Haram tornava difícil o acesso dos profissionais de saúde. O grupo, agora, tem muito menos controle sobre o território.

A Nigéria e os países vizinhos realizaram várias campanhas de vacinação em locais desde mercados até pontos fronteiriços para aumentar a imunidade da população local e impedir a disseminação do vírus causador da doença. O Dr. Pascal Mkanda, chefe do combate à pólio para a OMS África, destacou o aumento do uso de tecnologia para coletar dados precisos para verificar se a população alvo estava realmente sendo alcançada.

O progresso da Nigéria na luta contra a pólio não foi sem retrocessos. Tendo reduzido os casos para 202, em 2002, houve um aumento de 1.122, em 2006, quando as campanhas de imunização no norte do país tiveram de ser suspensas após boatos infundados sobre a segurança da vacina oral contra a pólio. Tendo redobrado a campanha, o progresso do país contra a doença foi novamente ameaçado pela insegurança no nordeste.

Embora os especialistas da OMS tenham comemorado as conquistas dos últimos três anos, eles destacaram que a vontade política e o financiamento precisarão ser sustentados, e todas as crianças com menos de cinco anos protegidas. Moeti pediu aos Estados-membros da OMS que mantenham a vigilância para garantir seu status de livre da pólio.

Para obter a certificação de livre da pólio, uma equipe de especialistas independentes deve avaliar os sistemas de vigilância em todo o continente, garantindo que nenhum caso seja perdido e que não haja lacunas no monitoramento.

Apesar do progresso em deter a pólio, vários países do continente ainda estão lutando contra o vírus derivado da vacina, que pode se alastrar em comunidades sem cobertura completa de vacinação.

A República Democrática do Congo, atualmente lidando com um surto de Ebola, é um dos países em que casos do vírus derivado da vacina aumentou no último ano. O vírus ainda é endêmico no Paquistão e no Afeganistão, e precisará ser erradicado lá antes que o mundo possa ser declarado livre da poliomielite.The Guardian

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