Apenas acredite que sua saúde melhorou


Efeitos do cérebro ajudam a melhorar a saúde

De acordo com algumas pesquisas, medicina alternativa pode ser apenas um efeito da mente no corpo

No dia 29 de maio, Edzard Ernst, o primeiro professor de medicina complementar do mundo, irá deixar o cargo, após 18 anos na Escola de Medicina Peninsula, no sudoeste da Inglaterra. Apesar de seu cargo, Dr. Ernst não teve fôlego para produzir um óleo de cobra. Ao invés disso, ele e seu grupo de pesquisadores foram os pioneiros em diversos estudos sobre tudo, desde a cura através da acupuntura e dos cristais, até canalização Reiki e uso de ervas como remédios.

A medicina alternativa é um grande negócio. Por não ser, em grande parte, regulada, é difícil encontrar estatísticas confiáveis. Entretanto, o mercado britânico, sozinho, deve valer em torno de US$ 340 milhões, com um a cada cinco adultos pensando em tornar-se consumidor, e alguns tratamentos disponíveis no Serviço de Saúde Nacional. Em todo o mundo, de acordo com uma estimativa de 2008, o valor da indústria está em torno dos US$ 60 bilhões.

Ao longo dos anos, Dr. Ernst e seu grupo executaram ensaios clínicos e publicaram cerca de 160 análises de seus estudos. Suas descobertas têm força. De acordo com o “Guia da Medicina Complementar e Alternativa”, cerca de 95% dos tratamentos que ele e seu grupo examinaram, são estatisticamente indistinguíveis dos tratamentos com placebo. Em apenas 5% dos casos, houve um benefício claro acima do placebo, ou mesmo uma simples sugestão de que algo estava acontecendo, sugerindo que novas pesquisas fossem necessárias.

Entretanto, Dr. Ernst acredita que seu trabalho ajude a resolver um sério problema de saúde pública. Ele ressalta que a medicina convencional deva ser mostrada por ser segura e eficaz para que possa ser licenciada para venda. Isto raramente é verdade nos tratamentos alternativos, que dependem de uma mistura de tradição aos efeitos naturais de seus produtos para tranquilizar os consumidores. Isso explica porque alguns homeopatas podem vender tratamento para a malária, apesar da falta de evidências de que o tratamento funcione, ou porque alguns quiropráticos pretendem curar a infertilidade.

Apesar desta falta de provas, e da possibilidade de que alguns médicos alternativos estejam prejudicando seus pacientes (seja diretamente ou convencendo-os a renunciar aos tratamentos convencionais), Dr. Ernst acredita que ainda há algo que os médicos convencionais podem aprender com os quiropráticos ou homeopatas. É o valor terapêutico do efeito do placebo, um dos fênomenos mais estranhos da medicina.

Efeitos da mente no corpo

O placebo é um tratamento médico de simulação – uma pílula de açúcar, sem nenhum tipo de efeito. Sua principal utilização científica no momento acontece em ensaios clínicos, em comparação com outros tipos de tratamento. Entretanto, o fato do medicamento não ser real não significa que ele não funcione. E é exatamente por isso que ele é usado nos estudos. Fornecer um analgésico falso, por exemplo, pode diminuir a quantidade de dor de um paciente. Um estudo realizado em 2002, mostrou que uma cirurgia falsa para artrite no joelho poderia fornecer benefícios similares a uma real. E os efeitos podem ser tão nocivos quanto úteis.

Em 16 de maio, a Royal Society, a mais antiga academia científica do mundo, publicou um volume de transações filosóficas dedicadas ao campo. A conclusão do estudo foi que o efeito é mais forte para aqueles transtornos que são predominantemente mentais e subjetivos . No caso da depressão, por exemplo, pílulas de placebo produzem praticamente o mesmo efeito que os antidepressivos mais recentes. A expectativa dos pacientes influenciam a potência do efeito. O engano estimula a produção de produtos químicos naturais no cérebro.

O mais fascinante na pesquisa com os placebos é que os efeitos podem persistir, mesmo que os pacientes sejam avisados de que estão sendo tratados com a simulação de açúcar. Ao contrário dos médicos convencionais, os profissionais de medicina alternativa constantemente aproveitam os efeitos do placebo.

Eles oferecem longas e relaxantes consultas aos seus clientes, e eles acreditam fielmente em seus tratamentos – muitas vezes vistos com grande pompa e reconforto. Apenas isso pode ser o suficiente para fazer bem, mesmo que ímãs, cristais e soluções diluídas aplicadas aos pacientes, pos si só, sejam completamente inúteis.

Fontes: The Economist

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