Quando a Justiça tarda, ela está sendo falha?


PIMENTA NEVES E SANDRA GOMIDE

O caso de Pimenta Neves só evidenciou a lentidão da Justiça brasileira. Por Emanuelle Bezerra

A Justiça brasileira levou 11 anos para obter a decisão judicial definitiva de um réu confesso. O jornalista Pimenta Neves foi preso no último dia 24, pelo assassinato de sua ex-namorada, Sandra Gomide, depois de seus advogados terem postergado tanto quanto foi possível a sua prisão. “Esgotaram-se os recursos”. Com esta declaração o jornalista se disse preparado para cumprir sua pena. Pimenta Neves foi condenado a 15 anos de prisão, mas brechas na lei permitem que ele passe apenas mais um ano e 11 meses preso.

Segundo o Código Penal, o tempo de prescrição para quem é condenado a mais de 12 anos de prisão é de 20 anos, a partir da condenação. A lei ainda prevê que esse tempo cai pela metade quando o condenado tem mais de 70 anos. Pimenta Neves tem 74 anos e foi condenado em 2006. O seu crime estaria prescrito em 2016, daqui a cinco anos. Seus advogados usaram mais de 20 recursos para que sua condenação inicial, em primeira instância, não fosse validada. Mais de uma década depois, quando o processo chegou ao Supremo Tribunal Federal, a estratégia da defesa teve fim.

Juristas garantem que a demora para concluir processos penais é comum e dizem que a culpa do alongamento do tempo que o réu passou em liberdade não está nos inúmeros recursos impetrados por sua defesa, mas na falta de eficiência da Justiça brasileira. Roberto Delmanto Júnior, professor de Direito da FGV-SP e autor de diversos livros jurídicos, garante que o fato de Pimenta Neves ser um homem rico e poderoso não foi o motivo da demora de sua prisão.

O segundo ponto listado por Delmanto é a questão orçamentária. Segundo ele, no estado de São Paulo, por exemplo, o orçamento do judiciário foi cortado em quase 60%. “As custas judiciais não são passadas para o Judiciário para que ele melhore o serviço público, vai tudo para o Executivo .Assim não há como modernizar as varas e agilizar os processos”. Por último o professor aponta a falta de conhecimento administrativo. “Um desembargador não sabe administrar a mecânica judicial que é equivalente a uma empresa multinacional. O desembargador não entende de cumprir metas, de recursos humanos. É necessário ter um administrador, capaz de gerir. Precisamos de um ‘Henrique Meireles’, no Judiciário”, finaliza.

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