Mudanças no mundo da cerveja

Consumo de cerveja está cada vez mais restrito aos lares, dificultando vendas das grandes marcas

Queda de vendas nos países ricos, fusões globais e ascensão das cervejarias independentes apontam para grandes reformulações no mercado mundial de cerveja


As cervejas vendidas nos supermercados têm gosto de água com sabão. Pelo menos é o que dizem os esnobes consumidores de cervejas artesanais. Logo, não é surpresa ver que elas estão sendo vendidas como sabão em pó.

A população dos países ricos não está bebendo cerveja o suficiente. Em 2010, as vendas registraram uma queda de 1,5% nos Estados Unidos e de 2,3% na Europa Ocidental, de acordo o banco japonês Nomura. Apenas cervejas artesanais de pequenas cervejarias independentes tiveram um bom desempenho, crescendo 11% nos Estados Unidos. Consumidores de maior poder aquisitivo apreciam as cervejas exclusivas, mas, no geral, abandonaram a bebida, trocando-a por vinho e bebidas destiladas.

Até recentemente, grandes cervejarias tentaram compensar as vendas decadentes nos países ricos, apostando em outros mercados. Na década passada, elas compraram ou se fundiram com cervejarias locais, ganhando acesso às suas importantes cadeias de distribuição. Uma fusão de US$ 52 bilhões entre a Anheuser-Busch, a produtora norte-americana da Budweiser, e a InBev, uma companhia belga-brasileira, economizou uma fortuna. Cortes de custos por meio de fusões aumentarão os lucros das cervejarias globais em US$ 3 bilhões até 2012, estima o banco Credit Suisse.

Mas embora o consumo per capita nos países mais pobres ainda tenha um longo caminho a percorrer até atingir os níveis do Ocidente (veja o gráfico abaixo), o crescimento deve desacelerar, prediz o Nomura. Para piorar, os mercados emergentes não são, nem de longe, tão lucrativos quanto os ricos. A Anheuser-Busch InBev (ABI), agora uma líder global, vendeu um terço de sua cerveja na América do Norte em 2010. No entanto colheu 46% de seus lucros no continente.