As frágeis democracias africanas

DEMOCRACIAS AMEAÇADAS

Após eliminar a maioria de seus déspotas, movimento democrático na África estagnou-se ou retrocedeu (Foto: Wikimedia)

Alguns chamam o movimento de a segunda conquista da independência da África. Depois de se libertarem dos colonizadores europeus, o continente africano eliminou a maioria de seus déspotas. Desde o fim da Guerra Fria a democracia multipartidária foi o regime político adotado pela maioria dos países da África, quase sempre com uma intensidade impressionante e reflexos sociais significativos. Como em 1994, quando os sul-africanos fizeram filas de quilômetros de distância para enterrar o apartheid e eleger Nelson Mandela presidente da África do Sul, na primeira eleição sem restrições raciais no país.

Alguns dos piores governantes tirânicos da África não estão mais no poder. Mengistu Haile Mariam fugiu para a Etiópia em 1991; Mobutu Sese Seko, presidente do Zaire, atual República Democrática do Congo, foi deposto e fugiu do país em 1997; no ano seguinte Sani Abacha, presidente da Nigéria, morreu no exercício do cargo, ou, segundo boatos, nos braços de prostitutas. Em alguns países da África os governantes autocratas ainda dominam o poder e as guerras violentas são frequentes. Mas a maioria dos líderes procura pelo menos ter um verniz de respeitabilidade; as eleições ocorrem com mais frequência; e os países adotaram uma política de abertura diplomática e comercial.

No entanto, em muitos casos o movimento democrático na África estagnou-se ou retrocedeu. Muitas vezes, se converteu em uma espécie de pseudodemocracia autocrática, na qual o governante atribui à oposição os piores defeitos, explora o poder do Estado para influenciar a disputa eleitoral a seu favor e elimina as restrições ao exercício de sua tirania. Essa tendência é um mau presságio para um continente onde as instituições ainda são frágeis, a corrupção é hegemônica e as economias enfraqueceram-se com a queda dos preços das commodities.

A África, uma das regiões de crescimento mais rápido no mundo, hoje, assiste a um dos mais lentos progressos no cenário mundial. Para que a África realize seu potencial, é preciso que o continente jovem e dinâmico reencontre seu ideal democrático.The Economist

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