Comida desperdiçada por atletas é doada a moradores de rua

Massimo orienta equipe de voluntários do RefettoRio Gastromotiva (Foto: Facebook)

A Vila Olímpica da Rio 2016 hospeda 18 mil pessoas, entre atletas, treinadores e outros membros de delegações oficiais. Para manter todos eles nutridos e hidratados, são gastos cerca de 250 toneladas de alimentos por refeição.

Esse total é gasto, no mínimo, três vezes por dia, em café, almoço e janta. Considerando o período de duração dos Jogos, trata-se de uma impressionante quantidade de alimentos.

O chef italiano Massimo Bottura fez as contas e ficou estarrecido. Não com a quantidade de alimento consumida pelos atletas, mas com a possibilidade de um desperdício colossal. “Eu pensei, esta é uma oportunidade de realizar algo que faça diferença”, disse ele, que é dono do restaurante Osteria Francescana, em Modena, Itália.

Em parceria com o chef brasileiro David Hertz, Bottura inaugurou em junho deste ano o RefettoRio Gastromotiva, na Lapa, Centro do Rio de Janeiro. O restaurante se dedica a alimentar a população de rua da cidade. Todos os ingredientes são doados pelas empresas encarregadas da alimentação dos atletas olímpicos.

Bottura já contou com a ajuda de outros 50 renomados chefs, como Alain Ducasse, Virgilio Martínez Véliz e Joan Roca, além de voluntários que trabalham na cozinha. O desafio é aproveitar todos os alimentos à disposição: tomates levemente amassados, pães do dia anterior e vários outros alimentos frescos, mas visualmente inadequados para os bufês olímpicos.

Segundo Bottura, o projeto visa mudar a forma como as pessoas enxergam o desperdício alimentar e a dignidade humana. “Não é apensa caridade. Não se trata apenas de alimentar pessoas. Isso tem a ver com inclusão social, ensinar pessoas sobre desperdício alimentar e dar esperança aqueles que perderam toda a esperança”.

Bottura pretende seguir com o projeto após as Olimpíadas. A ideia é passar a vender refeições para clientes que pagam e usar o lucro obtido para financiar 108 refeições gratuitas por noite aos moradores de rua.

A comida local e o tratamento humano são aprovados pela população de rua. Rene da Conceição, que jantou no local, disse que a refeição foi a melhor que já fez em 40 anos, dos quais os últimos nove foram passados na rua em companhia de sua mulher.

“Meu Deus, ele usou a casca de banana para fazer um sorvete incrível. E comemos comida italiana. Esses homens apertam sua mão e te tratam como se você fosse um patrão. Pensei que estava sonhando e pedi para minha mulher me beliscar. Mas não era um sonho”, disse Rene, ao New York Times.

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