A luta de Gibraltar pela permanência na União Europeia

A península de Gibraltar enfrenta um futuro incerto fora da União Europeia (Foto: Pixabay)

Caixas de correio e cabines telefônicas vermelhas enfileiram-se nas ruas. Pessoas vestidas com trajes tradicionais de soldados britânicos e carregando mosquetes desfilam em frente aos policiais com capacete. Os bares servem torta de carne e batata frita mesmo em um calor de 25º C. A pequena península de Gibraltar na costa sul da Espanha parece um paraíso dos defensores da saída do Reino Unido da União Europeia (UE). No entanto, enquanto 17 milhões de ingleses votaram no referendo do Brexit de 23 de junho, o total de votos dos habitantes de Gibraltar pela permanência na UE foi de 19.322 contra 823 a favor da saída. Mas seus votos “não tiveram a menor influência na decisão final”, disse o ministro-chefe do Gibraltar, Fabian Picardo, a um público decepcionado no dia seguinte.

Agora, a península enfrenta um futuro incerto fora da UE, que a ajudou a manter anos de prosperidade e a preservar a abertura da fronteira entre a Espanha e o Reino Unido. A Espanha, que sitiou a península duas vezes e reivindica periodicamente a posse territorial de Gibraltar, por fim cedeu o território à Grã-Bretanha no Tratado de Utrecht em 1713.

Até o momento, a bandeira da UE ainda está hasteada ao lado da bandeira do Reino Unido no prédio do governo. O ministro-chefe Picardo acredita que cumprirá a meta de um crescimento anual de 8,25% prometida em sua campanha de reeleição em novembro, fixada em um possível risco de aprovação do Brexit. Mas muitos temem que a Espanha feche mais uma vez a fronteira, como no período de 1969 a 1985. Poucas horas depois do resultado do referendo, o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José García-Margallo, disse que “agora a bandeira espanhola está muito mais perto de Gibraltar do que antes”.

A economia de Gibraltar em expansão, com um crescimento de 10,6% no ano passado, apoia-se em milhares de trabalhadores espanhóis que cruzam a fronteira todos os dias. Segundo Christian Hernandez, presidente da Câmara de Comércio, o próspero setor de serviços financeiros também está diante de um futuro incerto com a saída da UE: “A jurisdição fiscal de Gibraltar é uma porta de entrada para a Europa.”

Há uma expectativa que Gibraltar não seja afetado pelo Brexit. Fabian Picardo e membros do governo da Escócia estão discutindo formas de permanecer na UE e propõem a realização de um novo referendo assim que o Reino Unido e Bruxelas definam os termos da saída. Mas os políticos e os habitantes de Gibraltar têm mostrado uma notável unidade e coerência em suas propostas, tanto durante o referendo quanto em seus esforços para enfrentar as consequências. Com cabines telefônicas vermelhas ou não, o pequeno território ultramarino britânico pouco se assemelha ao Reino Unido.
The Economist

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