OLIMPÍADAS 2016

A polêmica das atletas ‘interssexuais’

A sul-africana Caster Semenya tem níveis de testosterona naturalmente elevados (Foto: Flickr)

O termo “interssexualidade” é usado para descrever as variações sexuais de pessoas que não se encaixam nas noções tradicionais do gênero masculino ou feminino. Em competições esportivas, a elegibilidade de um atleta para competir como homem ou mulher depende de uma série de indicadores químicos.

A questão é, sem dúvida, sensível e complexa, principalmente nos Jogos Olímpicos, quando atletas, às vezes, são acusados de tentar se passar pelo gênero oposto para competir em situação de vantagem. No caso da velocista sul-africana Caster Semenya, uma mulher que tem uma condição interssexual, ela é acusada de ter uma suposta vantagem injusta — níveis de testosterona naturalmente acima do normal — para competir com outras mulheres.

Ao longo dos anos, numerosos testes têm sido usados para verificar a elegibilidade dos atletas, desde exames físicos à análise de cromossomas e, mais recentemente, testes hormonais. O caso de Semenya em 2009 levou à introdução de um teste dos níveis de testosterona para identificar casos em que esses níveis estão acima de um limite estipulado, uma condição denominada hiperandrogenismo.

Em abril de 2011, a Associação Internacional de Federações de Atletismo (Aifa) anunciou que passaria a adotar novas regras para definir a elegibilidade das mulheres com hiperandrogenismo. A associação impôs um limite e disse que qualquer atleta com níveis de testosterona acima desse valor seria obrigada a tomar hormônios para baixá-los a níveis mais normais para competir.

Essa regra vigorou até julho de 2015, quando foi derrubada graças aos advogados da velocista indiana Dutee Chand, suspensa de uma competição internacional na Inglaterra em 2014 por hiperandrogenismo. Ela recorreu ao Tribunal Arbitral do Esporte, que decidiu que não havia provas suficientes de que a testosterona aumenta a performance atlética feminina, suspendeu a norma e pediu que a Afia apresente melhores evidências até julho de 2017.

Os advogados de Chand argumentaram que ela não era culpada por suas vantagens genéticas, que a lei existente era discriminatória, já que os níveis de testosterona naturais dos homens não são testados antes das competições.

Até que a Afia apresente novas evidências ao tribunal em 2017, Chand, Semenya e outras atletas interssexuais poderão competir sem precisar tomar hormônios para reduzir seus níveis de testosterona. A reversão da norma é um dos motivos pelos quais Semenya tem conseguido recuperar seu desempenho nas provas desde então.The Guardian

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