ONU NUCLEAR

"Desnuclearização" norte-coreana será verificada no maior laboratório da AIEA

Bandeira da AIEA em foto de 2017. EPA/CHRISTIAN BRUNA

Coreia do Norte e Estados Unidos anunciaram recentemente a intenção de avançar rumo a uma "desnuclearização" do país asiático, uma operação muito complexa que deverá ser supervisionada e verificada pelo Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Para isso, a agência nuclear da ONU conta ao sul de Viena, na Áustria, com um dos laboratórios mais sofisticados do mundo para analisar testes radiativos e meio ambientais.

Localizada na cidade de Seibersdorf, a sede da AIEA emprega dezenas de especialistas (químicos, físicos e engenheiros) de todo o mundo, que trabalham com equipamentos sofisticados de máxima precisão, adquiridos pela organização ou doados por países membros, como Alemanha, Japão e EUA.

Os analistas da AIEA determinam com este equipamento o nível de pureza de diferentes materiais que sofrem fusão, como urânio enriquecido em instalações atômicas de todo o mundo, ou determinam se um país está tentado a desviar material nuclear para fins militares.

Para evitar interferências políticas ou dúvidas sobre seus resultados, os especialistas nunca sabem da origem das amostras com as quais trabalham nos laboratórios.

Um dos métodos usados pelos inspetores da AIEA é pegar amostras de meio ambiente com panos de algodão, que depois são analisados em profundidade, total ou parcialmente.

"Fazemos uma análise detalhada dos panos e das partículas, que têm um tamanho até 50 vezes menor que o diâmetro de um fio de cabelo", explicou Stephan Vogt, diretor do laboratório.

Para isso, este laboratório especializado conta com 17 salas esterilizadas para evitar qualquer contaminação.

"Entre 60% e 70% do nosso trabalho é controle de qualidade para garantir a limpeza absoluta das instalações", disse Vogt a jornalistas em Seibersdorf.

"Só assim se pode garantir a veracidade e confiabilidade dos resultados", explicou.

"Cada análise de meio ambiente dura várias semanas e custa milhares de euros, sem levar em conta o investimento inicial do laboratório", continuou Vogt.

O laboratório de Seibersdorf analisa cerca de mil amostras por ano, com um orçamento operacional de cerca de US$ 12,9 milhões por ano.

Em caso de saturação, a instituição da AIEA conta com o apoio de outros dez laboratórios associados, situados em países como Japão, Reino Unido, EUA e Brasil.

Enquanto isso, em uma instalação anexa ao laboratório de amostras meio ambientais fica um grande centro de análise de materiais nucleares.

Lá, os especialistas da AIEA analisam a pureza e composição de materiais extraídos de instalações que produzem combustível nuclear.

Em frascos padronizados e protegidos, o laboratório de Seibersdorf recebe as amostras coletadas pelos inspetores de salvaguardas (controles) da AIEA naquelas unidades.

O objetivo é confirmar em cada momento a veracidade da declaração de salvaguardas dos países membros da AIEA.

"Estamos aqui basicamente para servir como auditores, para verificar de forma independente as declarações dos países membros", afirmou Steven Balsley, chefe do laboratório de materiais nucleares, cuja equipe de especialistas pode detectar se um país quer desviar material que sofre fusão para fins militares.

"O laboratório de material nuclear da AIEA recebe, processa e analisa amostras de urânio e plutônio que foram reunidas pelos inspetores em pontos delicados do ciclo de combustão nuclear", explicou o especialista.

"Os especialistas do laboratório precisam confirmar que o conteúdo de urânio e plutônio das amostras corresponda ao que os países declararam à agência", acrescentou Balsely.

Como "ciclo de combustão nuclear" é conhecido o processo de fabricação de combustível nuclear para usinas atômicas, seja com urânio enriquecido ou com plutônio.

Apesar de se tratar de uma aplicação civil, permitida pelos tratados internacionais, esses dois materiais - o urânio enriquecido e o plutônio - também têm usos militares.

E foi justamente essa aplicação militar, que a Coreia do Norte desenvolveu na última década e meia, que a levou a se tornar uma potência nuclear, com um número indeterminado de bombas.Jordi Kuhs/EFE

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