FIM DA INDIFERENÇA

Trump faz Vale do Silício abandonar neutralidade política

Imigrantes são essenciais para as empresas de tecnologia americanas (Foto: Flickr)

Para o Vale do Silício a política e seus líderes eram um assunto irrelevante. As empresas de tecnologia continuariam a inovar o mercado com seus produtos fantásticos, realizando o trabalho de Deus na Terra, independente do ocupante da Casa Branca.

Agora, a indiferença cedeu diante de uma medida arbitrária de Donald Trump. Os gigantes da tecnologia foram um dos primeiros a protestar contra a ordem executiva de Trump de 27 de janeiro, que proibiu temporariamente a entrada de cidadãos de sete países de maioria muçulmana do Oriente Médio nos Estados Unidos.

Tim Cook, CEO da Apple, a criticou perante seus funcionários. Mark Zuckerberg, um dos fundadores do Facebook, disse que estava “preocupado”. Sundar Pichai, CEO do Google, comentou com sua equipe que ficou “angustiado” quando soube que Trump havia assinado a ordem executiva e, no dia seguinte, o cofundador da empresa, Sergey Brin, foi visto em meio às centenas de manifestantes no aeroporto de São Francisco.

Há um mês as empresas de tecnologia homenagearam a Trump Tower, com seus executivos sorridentes à frente das câmeras, enquanto Trump prometia: “Estou aqui para ajudá-los.” A lua de mel terminou de maneira abrupta, porque os imigrantes são muito importantes para o setor de tecnologia dos EUA. Mas a visão liberal das empresas do Vale do Silício também desempenhou um papel relevante nesse movimento de protesto.

O recrutamento dos maiores talentos do mundo constitui o cerne do modelo empresarial do setor de tecnologia. Brin nasceu em Moscou, o indiano Pichai em Tamil Nadu e Satya Nadella, CEO da Microsoft, em Hyderabad, na Índia. O pai biológico de Steve Jobs, de origem síria, imigrou para os EUA. No início de fevereiro esse projeto de uma nova vida seria irrealizável.

Metade das startups americanas com um valor de mercado superior a US$1 bilhão foi fundada por imigrantes. Muitos engenheiros das empresas de tecnologia nasceram no exterior. Em Cupertino, um bairro sofisticado do Vale do Silício, metade dos moradores é de origem estrangeira.

Os CEOs das empresas de tecnologia conquistaram uma posição extremamente influente na sociedade americana. Portanto, o apoio deles à imigração é mais honesto do ponto de vista intelectual, assim como tem uma aceitação maior entre os funcionários. É também mais aceito pelos clientes. A maioria das empresas de tecnologia voltadas para o consumidor tem bases de usuários direcionadas aos jovens e aos estrangeiros, grupos que não gostam de Trump.The Economist

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