RIO DE JANEIRO

Theatro Municipal troca de comando por razões políticas

O compositor João Guilherme Ripper será substituído pelo ator Milton Gonçalves (Foto: Wikimedia)

A Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro não terá mais como presidente o compositor João Guilherme Ripper. Na última quarta-feira, 22, ele foi informado da demissão pelo secretário estadual de Cultura do Rio, André Lazaroni (PMDB-RJ), que foi alçado ao cargo embora tenha como especialidade esportes e política ambiental.

Ripper será substituído pelo ator Milton Gonçalves, de 83 anos. A notícia chocou o meio musical brasileiro. Isso porque Ripper vinha fazendo um trabalho primoroso desde que assumiu a gestão, há 19 meses. Sob seu comando, o Theatro Municipal do Rio passava por um intenso processo de revitalização, ampliação do público e implementação de uma programação interessante. Tudo isso em meio ao caos financeiro do estado.

Outro fator é a diferença no currículo de Ripper e Gonçalves. Antes de assumir o comando do Municipal, Ripper esteve 11 anos à frente da Sala Cecília Meirelles. Já Gonçalves, embora seja um ator renomado, não tem qualquer experiência como gestor de equipamentos culturais. Mesmo assim, ele vai assumir o mais emblemático equipamento cultural do estado.

Segundo Ripper, a troca se deu por motivação política. “A explicação do secretário foi simples: ele necessitava do cargo de presidente da Fundação TMRJ para atender a demandas políticas. Ofereceu-me outros cargos em contrapartida, o que recusei, por não concordar com a dissolução da equipe e a transformação do teatro em moeda de troca. Cheguei de férias na segunda e tive apenas um encontro com o secretário”, disse Ripper, em entrevista ao Globo.

Lazzaroni respondeu, afirmando que a mudança tem a ver com “a necessidade de trabalhar com quem confia e conhece”. “O Milton conhece o setor, e é comprometido com as artes e com a sociedade. O que um gestor precisa é ser capaz de articular com a sociedade civil, o governo federal e a iniciativa privada. Tenho certeza que o Milton cumprirá muito bem essas funções”, disse Lazzaroni.

O secretário também disse querer mudar o perfil do teatro, adotando um viés mais popular. “O Milton pensa como eu. Quer levar cultura para a população mais pobre, quer popularizar o Municipal. É preciso atrair mais público, formar plateias, embora eu reconheça os esforços da gestão passada nesse sentido”.

Gonçalves se mostra confiante frente ao novo desafio. “Não é fácil gerir o Municipal, mas iremos ficar com o que é bom e, democraticamente, mudar o necessário. Como sempre na minha vida, vou estudar, perguntar e conhecer. Se eu não sei, busco informação. Se não acerto, mudo e busco o melhor caminho. Sei que tenho qualidades e, sobretudo, paixão pelo Municipal. Para mim, o Municipal tem a ver com comunicação, confiança e com amor”.O GLOBO


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