POLÍTICA -Por que 16 anos é a melhor idade para votar

O desencanto dos jovens com as urnas é preocupante, porque votar é um hábito e os que não começam cedo podem se abster de votar ao longo da vida (Foto: Flickr)

Que critério adotar quanto à idade limite de ingresso dos jovens na vida adulta? Os países democratas desenvolvidos têm respostas diferentes, dependendo do contexto. Em New Jersey, os jovens podem comprar bebidas alcoólicas aos 21 anos e cigarros aos 19, se alistar no exército aos 17, ter relações sexuais aos 16 e ser julgado em um tribunal como um adulto aos 14 anos. Esse critério varia muito de um lugar para outro. Os jovens belgas, por exemplo, têm permissão de se embriagarem aos 16 anos. Mas os países concordam em um ponto: os jovens só podem votar aos 18 anos. Quando os ativistas sugerem diminuir a idade, os adultos respondem que os jovens de 16 e 17 anos são muito imaturos. Mas os jovens estão cada vez mais desiludidos com a política e desmotivados a votar.

A tendência no mundo ocidental é preocupante. A participação dos eleitores americanos com menos de 25 anos nas eleições presidenciais diminuiu de 50% em 1972 para 38% em 2012. Entre as pessoas com mais de 65 anos a participação aumentou de 64% para 70% (os dados da eleição presidencial de 2016 ainda não estão disponíveis). Nas eleições parlamentares de 2014 a participação de eleitores com menos de 25 anos foi de apenas 17%. Um padrão semelhante tem se repetido no mundo desenvolvido.

O desencanto dos jovens com as urnas é preocupante, porque votar é um hábito e os que não começam cedo podem se abster de votar ao longo da vida. Como resultado, os índices de participação irão diminuir ainda mais nos próximos anos, corroendo aos poucos a legitimidade dos governos em uma espiral insidiosa, na qual o desinteresse dos eleitores irá estimular o ceticismo em relação à democracia e vice-versa.

Em alguns países o voto é obrigatório, o que, em consequência, aumenta os índices de participação. Mas essa obrigação não esconde a desilusão dos eleitores. Os governos precisam encontrar formas de reavivar a paixão que a política exercia no passado, em vez de ignorar sua ausência. Uma boa medida seria diminuir a idade do direito de voto para 16 anos, incentivando, assim, o interesse pela política em pessoas mais jovens.A desilusão dos jovens tem diversas causas. A juventude vê o direito de voto como uma escolha e não como uma obrigação, ou um privilégio. Os que têm uma atuação política ativa tendem a defender questões individuais, em vez dos interesses de um partido. Os políticos atraem cada vez mais eleitores mais velhos, não só pela garantia de votos, mas também porque eles compõem uma parcela crescente do eleitorado. Muitos jovens veem as eleições como uma pressão contra eles. Não é surpresa, portanto, que tantos se abstenham de votar.

A permissão de votar aos 16 anos fortaleceria a presença dos jovens na sociedade e indicaria que as opiniões deles têm importância. São eles, afinal, que sofrerão as consequências das mudanças climáticas e do custo dos benefícios sociais, como pensões e seguros de saúde de pessoas idosas. O direito de voto aos 16 anos facilitaria a inserção dos novos cidadãos na vida cívica. Ainda mais importante, garantiria a presença dos jovens eleitores na preservação da vitalidade democrática.The Economist

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