MEIO AMBIENTE

América Latina, um lugar perigoso para ambientalistas

Defender a natureza é uma ocupação perigosa, sobretudo na América Latina (Foto: Pixabay)

Isidro Baldenegro López, agricultor e líder do povo indígena tarahumara, passou grande parte de sua vida lutando contra a exploração madeireira ilegal na região de Sierra Madre, no norte do México. Em 15 de janeiro, ele foi morto a tiros. Seu pai morreu da mesma maneira, por defender a mesma causa, há 30 anos.

Defender a natureza é uma ocupação perigosa, sobretudo na América Latina. De acordo com um relatório recente da ONG Global Witness, 185 ativistas ambientais foram assassinados no mundo em 2015, um aumento de 59% em relação ao ano anterior. Mais da metade dos assassinatos ocorreu na América Latina. No Brasil, 50 ambientalistas morreram em 2015. A partir de 2010, 123 ativistas morreram em Honduras, um número recorde em relação à população do país. Berta Cáceres, líder indígena e importante ativista contra a construção de barragens e a exploração de mão de obra em projetos agrícolas, foi assassinada em março de 2016.

Por que a América Latina é um lugar tão perigoso para os ativistas ambientais? Uma razão é a abundância de recursos naturais, que atraem empresas de todos os tipos, de multinacionais a máfias. Quando os preços estão baixos, como agora, para manter seus lucros as empresas ficam mais agressivas, disse David Kaimowitz da Fundação Ford, que financia programas de promoção da democracia e redução da pobreza.

Os conflitos acontecem com frequência ao longo das fronteiras onde não há vigilância ou um policiamento eficiente. Depois do assassinato de Cáceres, a polícia disse a jornalistas que ela havia sido morta em uma tentativa de assalto. Desde então, os policias prenderam oito suspeitos, entre os quais militares de reserva e da ativa, assim como dois funcionários da empresa responsável pela construção da barragem a qual ela se opunha.

Mas segundo a família de Cáceres, o governo hondurenho ainda não providenciou uma investigação a respeito das pessoas envolvidas no assassinato. Por sua vez, a empresa nega qualquer envolvimento no crime. No México, o governador do estado de Chihuahua, onde Baldenegro foi morto, disse que as autoridades iriam investigar seu assassinato, mas poucos progressos foram relatados.

As probabilidades de encontrar os culpados são maiores se a vítima for estrangeira. Dorothy Strang, uma freira americana que lutou para proteger a floresta amazônica, foi morta no Brasil há 12 anos. O pistoleiro que a matou e o fazendeiro que o contratou foram presos. Porém isso é uma exceção.

Com frequência, os governos se opõem às atividades dos ambientalistas, embora muitos tenham assinado a convenção elaborada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que exige que consultem grupos afetados por projetos de desenvolvimento.The Economist

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