ESTUDO DIABETES

Tratamento com células-tronco é eficiente contra diabetes tipo 1

A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune mais comum entre crianças e adolescentes (Foto: PxHere)

O uso de células-tronco para tratar a diabetes tipo 1 tem mostrado resultados positivos. Um estudo feito por pesquisadores brasileiros concluiu que 84% dos pacientes envolvidos na pesquisa ficaram livres das injeções de insulina após um tratamento que funciona como um “transplante” de células-tronco.

O tratamento consiste em coletar células-tronco hematopoéticas da medula óssea dos próprios pacientes. As células-tronco hematopoéticas são células-tronco multipotentes que têm a capacidade de se diferenciar em elementos figurados do sangue e no sistema imunológico. Duas semanas após a coleta, realiza-se no paciente uma imunossupressão intensa com o objetivo de destruir completamente o sistema imunológico “defeituoso” da pessoa com diabetes.

Segundo o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, um dos líderes do estudo, é como se o sistema imunológico fosse “desligado”, através de quimioterapia, para depois ser “religado” com a infusão das células-tronco hematopoéticas coletadas do próprio paciente.

Ao todo, foram comparados os resultados de 24 pacientes que se submeteram ao tratamento com os resultados de outros 144 que usaram o tratamento tradicional (com aplicação de insulina).

“Quando comparamos os dados vimos que 84% dos doentes que se submeteram ao transplante ficaram livres das picadas de insulina em algum momento. A pessoa com maior tempo livre de insulina neste estudo estava há oito anos sem usar o remédio. No outro grupo, nenhum paciente em tratamento convencional ficou livre de insulina”, explicou o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, um dos cientistas responsáveis pelo estudo, ao Jornal da USP.

Ainda segundo o médico, “quando se avaliou sequelas da diabete nos olhos, rins e nervos dos pés, o grupo transplantado não apresentou problemas, diferentemente de 25% do grupo com tratamento convencional”.

No entanto, Couri diz que “é importante frisar que as pessoas não estão curadas, mas sim controladas e livres da insulina”. “Elas passaram por uma reeducação alimentar e atualmente monitoram a glicemia diariamente e praticam atividades físicas constantemente”, disse o endocrinologista, em entrevista ao site da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune mais comum entre crianças e adolescentes. O tratamento da doença requer que os pacientes apliquem injeções de insulina diárias e façam frequentemente medições de glicose. Segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF), o Brasil é o terceiro colocado mundial em registro da doença, com aproximadamente 100 mil crianças ou adolescentes apresentando a patologia.

O estudo foi assinado por cientistas do Centro de Terapia Celular (CTC) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). A pesquisa foi publicada na revista Frontiers of Endocrinology.

O primeiro paciente a receber o transplante foi incluído no grupo de tratamento com as células-tronco no final de 2003, já sendo transplantado em 2004. As pesquisas continuam e os pesquisadores seguem recrutando pacientes interessados.

A pessoa interessada deve ter idade entre 18 e 35 anos, ter a diabetes tipo 1 há menos de seis semanas e entrar em contato com o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri através do e-mail ce.couri@yahoo.com.br ou pelo site transplantardai.com.br.
Jornal da USP

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