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Empregabilidade é a principal preocupação da comunidade acadêmica brasileira

Aluno no Conjunto Didático de Filosofia e Ciências Sociais da USP. Cecília Bastos/USP Imagem

A maior preocupação da comunidade universitária brasileira está relacionada ao ingresso dos estudantes no mercado de trabalho, segundo estudo elaborado pelo Instituto Ipsos para o Grupo Santander, divulgado nesta sexta-feira (27).

Além do incentivo à empregabilidade dos alunos, a pesquisa realizada dentro de instituições de ensino superior de todas as regiões do país aponta outras duas demandas principais: a contribuição para o desenvolvimento econômico e local, e a promoção de pesquisas científicas, desenvolvimento e inovação.

A inserção no mercado de trabalho precisa ser melhor para 54% dos entrevistados. O que implica maior atuação das instituições de ensino na busca por convênios, bolsas de trabalho e outros serviços que podem ser promovidos pelas universidades, bem como o fomento ao empreendedorismo.

Para 63% do total de 849 ouvidos no Brasil, as universidades ainda não preparam os alunos totalmente para as competências exigidas pelas empresas. Os docentes, em especial, demonstram dúvidas sobre a solidez da conexão e das parcerias entre as faculdades e as empresas no país.

Outros temas também foram investigados no levantamento, que teve como objetivo conhecer o pensamento da comunidade acadêmica a partir de três perguntas: “como o mundo digital afeta o ensino e os métodos de aprendizagem?”; “como a universidade do século XXI pode contribuir para a sociedade?”; e “qual é o impacto da pesquisa nas universidades?”.

Os dados reforçam a crença de que a universidade brasileira é voltada muito mais ao ensino do que à pesquisa, principalmente entre os professores. Mesmo assim, os alunos (65%) demonstram um grande interesse em se dedicar à pesquisa.

A opinião da maioria é que a educação de qualidade depende de os recursos também serem alocados para a área de pesquisa. Na visão dos respondentes, a falta de financiamento (31%) é o principal obstáculo para isso, seguido de excesso de burocracia (20%) e falta de tradição e cultura em pesquisas (18%).

Mais uma importante frente da análise da pesquisa foi a reflexão sobre como a universidade tem se adaptado às mudanças que o mundo digital está promovendo. Os entrevistados (60%) acreditam que o futuro trará uma formação mista entre aulas à distância (online) e presenciais. Os professores são, no entanto, mais céticos sobre a possibilidade de esse novo formato prover o mesmo nível de qualidade do ensino primordialmente presencial.

Também há dúvidas sobre o modo como está sendo implementada, atualmente, a educação à distância. A sensação de 92% dos entrevistados é a de que o ensino à distância requer mais esforço e autodisciplina dos estudantes. E 76%, consideram que as aulas online podem ser um complemento à formação presencial, mas não a substituem.

Todas as iniciativas e reflexões visam, por fim, entender como a universidade do Século XXI pode contribuir para a sociedade. E o que se extrai desse diagnóstico é que as maiores demandas da comunidade universitária brasileira convergem em três temas: inserção no mercado de trabalho, compromisso social e empreendedorismo. Para 41% dos entrevistados, o espírito empreendedor precisa ser mais fomentado nas universidades. Apenas 7% dos alunos dizem que pretendem empreender – número inferior à média global, de 12%.

Os temas apontados no estudo da Ipsos vão de encontro aos três eixos-chave dos debates do IV Encontro Internacional de Reitores Universia: "Formar e aprender em um mundo digital", "Pesquisar na universidade, um paradigma a ser revisado?", e "Contribuição da universidade para o desenvolvimento social e regional". Nos próximos dias 21 e 22 de maio, mais de 600 reitores e representantes acadêmicos de 26 países estarão reunidos em Salamanca, na Espanha, para participar de discussões que serão balizadas por estudos como a pesquisa da IPSOS, que também foi realizada em outros 18 países, totalizando 9.343 membros da comunidade universitária.EFE

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