CATALUNHA INDEPENDÊNCIA

Empresas começam a fugir da Catalunha após referendo

Somente no dia da declaração de independência 212 firmas da região requereram a mudança de sede (Foto: Wikimedia)

Duas semanas depois do plebiscito que decidiu pela independência do território espanhol, a Catalunha já enfrenta os efeitos da decisão. Ainda que não tenha se separado oficialmente da Espanha, uma série de empresas alocadas na região começou a se deslocar e mudou suas sedes para outros lugares no país.

Desde que o presidente do governo da Catalunha, Carles Puigdemont, declarou a independência da região no último dia 10, mesmo com a suspensão dos efeitos logo em seguida, cerca de 500 empresas já migraram parcialmente ou por completo. Segundo a associação espanhola de tabeliães, somente no dia da declaração de independência 212 firmas da região requereram a mudança de sede.

Economistas avaliam que esse cenário de fuga de empresas é um processo irreversível e se manterá nos próximos dias, provocando um forte impacto na economia catalã. Além disso, destacam que governo de Madri já sente o impacto na economia por conta do impasse com a região.

“O futuro da Catalunha é incerto, não importa como as negociações para a separação e os esforços de diálogo vão transcorrer, a região permanecerá marcada a longo prazo e os cegos partidários da independência vão acordar”, é o que destaca o economista José María Gay de Liébana, professor universitário em Barcelona.

Segundo Gay de Liébana, a fuga dessas empresas já totaliza um dano econômico avaliado em até 60 bilhões de euros e essa perda afeta toda a Espanha como polo de negócios. O economista catalão ainda aponta que a região autônoma contabiliza uma dívida de 200 bilhões de euros.

Atualmente, a Catalunha está avaliada com a nota B+ pela agência Standard & Poors e já é considerada um risco para o investidor. No entanto, se o conflito com Madri persistir, a agência pode rebaixar ainda mais a nota, afetando, sobretudo, o setor bancário – os bancos Sabadell, La Caixa, BBVA e Santander os responsáveis pela maioria dos negócios nacionais provenientes da Catalunha.

Agora, o governo espanhol avalia com cuidado seus próximos passos em relação à Catalunha, já que o país está altamente endividado e não quer ameaçar sua classificação de risco nem ver a sua dívida soberana aumentar consideravelmente – a Espanha recebeu nota BBB+ da Standard & Poors.

“O problema é que, enquanto a Catalunha fizer parte da Espanha, o país terá de cobrir as dívidas da região e, se elas cresceram consideravelmente, a situação vai ficar crítica”, destacou Gay de Liébana. Atualmente, a dívida espanhola equivale a 100% de seu Produto Interno Bruto (PIB).

Brexit

Uma situação semelhante foi presenciada durante o processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), conhecido como Brexit. Em maio deste ano, o país registrou a saída de um quarto das empresas britânicas de serviços financeiros, que mudaram suas operações para outros países. Entre elas, estão os bancos Goldman Sachs, JPMorgan Chase e Deutsche Bank.

Além disso, um estudo da consultora Deloitte, divulgado em junho, revelou que 47% dos trabalhadores europeus com alta qualificação pretendia deixar o país pós-Brexit.DW

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