MEIO AMBIENTE - MUDANÇA CLIMÁTICA

Comércio marítimo estaria provocando tempestades, diz estudo

Os relâmpagos concentraram-se em rotas de movimento mais intenso de navios (Foto: Wikimedia)

Os navios mercantes modernos resistem bem ao impacto das ondas, mas os marinheiros evitam as tempestades no mar. Os contêineres podem se soltar e há sempre o risco de um relâmpago interromper as comunicações. Mas, hoje, algumas tempestades são provocadas pelo comércio marítimo. Esta é a conclusão de Joel Thornton da Universidade de Washington, em Seattle, e seus colegas divulgada em um artigo recém-publicado na revista científica Geophysical Research Letters.

Thornton e sua equipe examinaram 1,5 bilhão de relâmpagos registrados no oceano Índico e no mar da China Meridional pela World Wide Lightning Location Network entre 2005 e 2016. Como o mapa mostrou, os relâmpagos concentraram-se em rotas de movimento mais intenso de navios. Em especial, a rota que atravessa o sul de Sri Lanka até a entrada do estreito de Malaca e do estreito de Cingapura, assim como o trecho entre Cingapura e Malásia que segue em direção ao mar da China Meridional.

Não há registros de mudanças no movimento vertical dos ventos, nem alterações no deslocamento horizontal do ar, que poderiam causar essa concentração de tempestades em rotas marítimas. Por outro lado, a estrutura de metal dos navios não atrai os raios, que caem no mar próximos a eles.

A explicação mais plausível é a poluição causada pelo combustível dos navios. A combustão do óleo diesel marítimo produz dióxidos de enxofre que agem como núcleos de condensação de nuvens. As nuvens em mares e oceanos não poluídos são compostas por grandes gotículas de água e permanecem em uma altitude mediana. Mas, segundo Thornton e seus colegas, as gotículas menores, que se condensam em torno dos dióxidos de enxofre, em razão do fenômeno de transferência de calor se elevam até as nuvens que acumularam uma grande quantidade de água em suspensão e eletricidade estática.

Algumas medidas irão diminuir a incidência de relâmpagos nas rotas marítimas. Atualmente, o depósito padrão de combustível tem um teor médio de enxofre de 2,7%. A partir de 2020, deve diminuir para 0,5% se as refinarias e os armadores obedecerem às regras estabelecidas pela Organização Marítima Internacional.

A navegação está sendo realizada de forma mais eficiente, com a desaceleração das embarcações, o que reduz a quantidade de combustível consumida por milha náutica. Além disso, os sistemas de reciclagem de calor e novos tipos de motores diminuem o consumo de combustível. Em poucos anos, a situação se normalizará. Enquanto isso, mesmo para os céticos a pesquisa de Thornton e seus colegas é uma prova evidente da influência dos seres humanos nas mudanças climáticas.The Economist

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A surpreendente cratera de Xico

Por que não enxergamos estrelas verdes ou roxas?

Egípcia posa nua em blog e provoca indignação