GUERRA NO IÊMEN

Conselho de Segurança da ONU pede moderação em Hodeida

O porto de Hodeida é crucial para a entrada de ajuda humanitária no Iêmen (Foto: Google Maps)

O Conselho de Segurança da ONU exortou todos os lados envolvidos na guerra civil no Iêmen a manterem aberto o porto de Hodeida, cidade portuária alvo de um ataque na última quarta-feira, 13, da coalizão saudita que luta contra rebeldes da etnia houthi que tentam derrubar o governo iemenita.

O pedido foi feito na última quinta-feira, 14, em uma reunião do órgão convocada pela Suécia, que pretendia aprovar uma resolução exigindo o cessar-fogo imediato do ataque à cidade, mas não obteve êxito por falta de consenso entre os 15 integrantes do conselho. Em vez do cessar-fogo, o órgão optou por pedir moderação.

Segundo o jornal Guardian, a falta de consenso indica que EUA, Reino Unido e França, que a princípio se posicionaram contra o ataque, aceitaram a argumentação saudita de que afetar o fornecimento de ajuda humanitária é um risco justificável caso seja possível expulsar os rebeldes da cidade.

Situado no Mar Vermelho, o porto de Hodeida é crucial para o abastecimento do Iêmen, onde 90% de toda comida, combustível e medicamentos consumidos são importados. Pelo porto passam 70% de todos os fornecimentos.

Na última quarta-feira, 13, a coalizão militar composta por tropas da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Sudão iniciou uma ofensiva contra a cidade de Hodeida, que é controlada pelos rebeldes houthis.

A ofensiva ignorou os apelos de agências humanitárias e da própria ONU, que alertaram que a ação ameaça a vida dos cerca de 600 mil civis que vivem na cidade e em seu entorno, compromete o fornecimento de ajuda humanitária e pode agravar a crise de fome e a epidemia de cólera que assolam o Iêmen.

Nesta sexta-feira, 15, as tropas da coalizão iniciaram embates no bairro de Manzar, vizinho ao aeroporto de Hodeida. Os civis residentes fugiram para a região norte da cidade. “Houve bombardeios terríveis desde a manhã, quando atingiram posições houthi perto do aeroporto. Vivemos dias de terror que nunca conhecemos antes”, disse o vendedor de peixes Ammar Ahmed, segundo noticiou a agência Reuters.

O líder rebelde Abdul Malik al-Huthi exortou os insurgentes houthis a enfrentar a ofensiva e fez um apelo para que “transformem a costa oeste em um atoleiro para os invasores”. “Peço que enfrentem a ofensiva e enfrentem as forças da tirania. Devemos enviar reforços para a batalha da costa”, disse al-Huthi, segundo informou a agência de notícias AFP.

Raízes do conflito

A Guerra no Iêmen é considerada uma das maiores crise humanitárias atualmente em curso no mundo. Segundo a ONU, em três anos, o conflito já forçou o deslocamento de cerca de 85 mil pessoas e ceifou mais de 10 mil vidas.

As raízes do conflito remontam aos protestos de 2011 da Primavera Árabe. Manifestações em massa naquele ano quase resultaram no assassinato do então presidente Ali Abdullah Saleh, que, diante da pressão dos petro-Estados vizinhos, renunciou em 2012, abrindo caminho para a ascensão de seu vice, Abd Rabbo Mansour Hadi.

Um projeto de Constituição apresentado em 2015, pelo governo Hadi, propôs a criação de uma federação dividida em seis unidades e um parlamento separado entre nortistas e sulistas. Mas o projeto desagradou os houthis, que ajudaram a derrubar Saleh. Os houthis se queixavam de que, dentre outras coisas, a nova Constituição os empurrava para uma região escassa de recursos e sem saída para o mar.

Aliando-se a Saleh, que viu na discórdia uma oportunidade de retorno, os houthis expulsaram Hadi da presidência e de Saná, a capital do Iêmen. Hadi escapou para sua cidade natal, Aden, e depois se exilou na Arábia Saudita. Posteriormente, Saleh mudou de lado no conflito e acabou sendo morto a tiros em dezembro de 2017, em uma emboscada de seus antigos aliados houthis.

Ainda em 2015, a Arábia Saudita formou uma coalizão composta por seus aliados árabes e milícias locais para restituir o governo de Hadi e derrotar a insurgência dos rebeldes houhtis, que se alinharam ao rival regional da Arábia Saudita no Oriente Médio, o Irã.AFP

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