Drama político de Cunha está muito longe do fim

Cunha reuniu décadas de provas comprometedoras contra políticos (Foto: ABr)

Há pouco tempo atrás, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) parecia onipotente. Ele exercia uma influência tão grande na política do país que chegou a ser comparado ao personagem Frank Underwood, do seriado americano “House of Cards” e foi cogitada a hipótese de sua candidatura às eleições presidenciais de 2018.

Hoje, o cenário é totalmente oposto. Cunha é o mais recente político “guilhotinado” pelo escândalo de corrupção da Petrobras investigado pela Operação Lava Jato. Sem qualquer reflexo de sua antiga influência, nem foro privilegiado, ele está cada vez mais próximo de ser condenado à prisão, junto com sua mulher, Cláudia Cruz, que é julgada por lavagem de dinheiro pelo juiz Sergio Moro.

O destino de Cunha é de grande importância para a política brasileira. Na prática, sua cassação foi benéfica para o governo do presidente Michel Temer. Cunha era o líder do bloco conhecido como “centrão”, composto por PSD, PR, PP, PRB, PTB e PSC e responsável por sua ascensão à presidência da Câmara. Sem ele, o bloco causará menos dor de cabeça para Temer, enquanto ele tenta aprovar cortes nos gastos públicos, medida essencial para reavivar a economia brasileira e, por consequência, aumentar a aprovação de Temer.

A saída de Temer também satisfez a opinião pública. Para muitos brasileiros, Cunha é a personificação do sistema político ineficiente do país. A rejeição ao ex-deputado entre os brasileiros é tão forte que conseguiu a improvável façanha de unir manifestantes pró e contra impeachment de Dilma em torno de um objetivo comum. Em ambos os protestos, eram vistos cartazes escrito “Fora Cunha”.

No entanto, Cunha ainda pode provocar um turbilhão no país. Isso porque, durante décadas, ele reuniu provas comprometedoras de políticos de todos os partidos, incluindo o círculo pessoal de Temer. Se Cunha resolver cooperar através de uma delação premiada pode gerar mais rejeição ao um governo que já é impopular.

Cunha nega que fará acordo de delação premiada. “Só faz delação quem é criminoso. Eu não sou criminoso”, disse ele, afirmando que, em vez disso, pretende escrever um livro sobre as negociações que levaram ao impeachment de Dilma.

Mesmo remotas, a possibilidade de Cunha fazer delação premiada gera apreensão em parlamentares das mais variadas bancadas. O ex-deputado pode ter sido cassado, mas sua sombra ainda aterroriza o Congresso.The Economist

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