Governo e população da Costa Rica travam embate por abacate

Os costarriquenhos preferem comer a variedade hass, em vez dos abacates locais (Foto: Pixabay)

É possível dizer que a Costa Rica é o terroir original ou o hábitat do abacate. Há cerca de 500 anos, quando os exploradores espanhóis entraram nas florestas da Mesoamérica, viram que o povo nativo comia uma fruta saborosa e nutritiva, com uma polpa verde claro, diferente de qualquer fruta que conheciam. Ao longo do tempo, seu cultivo foi um sucesso em lugares como Flórida, Israel e Nova Zelândia. O abacate começou a ser servido como uma comida sofisticada em festas nas praias australianas e em jantares em Londres.

Por que então as pessoas na Costa Rica queixam-se que não têm uma quantidade suficiente de sua fruta deliciosa, ou pelo menos não a um preço justo e com qualidade? A resposta é a política protecionista do país. No ano passado, o governo proibiu a importação de abacates hass, a variedade mais difundida no mundo, de nove países, entre eles o México, o principal fornecedor e a proibição foi discutida na Organização Mundial do Comércio.

Essa variedade é rica em gordura monoinsaturada, a mesma gordura presente no azeite de oliva, e a polpa tem uma textura cremosa, ideal para preparar guacamole. A casca escura e dura resiste muito bem ao transporte. Os abacates cultivados na Costa Rica, mais suaves e com a casca esverdeada, são gostosos servidos em saladas.

A proibição da importação foi supostamente uma medida de precaução para evitar o viroide da mancha de sol, uma doença que se propaga com rapidez entre a plantação. Os produtores da Costa Rica viram essa medida como mais um obstáculo em seus esforços para satisfazer o paladar local. Mas isso ainda vai demorar um longo tempo. O México vendeu cerca de 12 mil toneladas de abacates hass por ano antes da proibição e a Costa Rica produz em torno de 2 mil toneladas de todas as variedades.

Além disso, os costa-riquenhos gostam do abacate hass servido cru ou em purê. Os restaurantes da Costa Rica dizem que um quinto do abacate servido é desperdiçado, porque os clientes preferem comer a variedade hass, em vez dos abacates locais.

Há pouco tempo, talvez como uma forma de satisfazer o paladar dos costa-riquenhos e, ao mesmo tempo, proteger os produtores, o governo começou o processo de autorização das importações da República Dominicana, que oferece uma produção barata durante o ano inteiro, em grande parte do abacate com a casca esverdeada, mas também rico em gorduras saudáveis. Então, em breve mais costa-riquenhos vão comer seus abacates hass preferidos.The Economist

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