Um momento crítico para a saúde pública no Reino Unido

Para garantir a sobrevivência do NHS, população britânica pode ter que passar por aumento de impostos (Foto: Wikipedia)

Quase todas as pessoas nascidas na Grã-Bretanha depois de 1948 já foram atendidas pelo National Health Service (NHS) e a maioria mantém uma lealdade fraterna à organização. O serviço, financiado com os impostos pagos pelos contribuintes, oferece atendimento médico gratuito e o público lhe dá tanto valor, que os políticos preferem dizer que querem “proteger” o NHS, em vez de melhorá-lo.

No entanto, esse tesouro nacional está frágil. Nove dos dez conselhos locais de saúde que administram hospitais estão com gastos acima de seus orçamentos; o serviço enfrentará um déficit de financiamento de 20 bilhões de libras (US$27 bilhões) no final de dez anos. Os médicos entraram em greve em protesto contra um novo contrato menos generoso apresentado pelo governo.

Em todos os lugares os hospitais estão esforçando-se para fazer face às despesas. Nas últimas semanas um conselho de saúde fechou de repente um serviço de emergência de atendimento a crianças, com a justificativa que não oferecia segurança. Outro conselho mencionou a hipótese de atrasar as cirurgias de pacientes obesos.

O diagnóstico é simples: a demanda em excesso de cuidados médicos de uma população idosa está superando a oferta. Mas a cura será difícil tanto para os políticos de esquerda quanto de direita. O aumento da capacidade de atendimento do NHS exigirá um foco mais rígido na eficiência. Por sua vez, os contribuintes terão um aumento nos impostos. O controle da demanda envolverá a adoção de medidas consensuais como uma ênfase maior na medicina preventiva, mas também de medidas impopulares a exemplo da introdução de taxas de cobrança em serviços gratuitos. Esse é o preço que os ingleses irão pagar por viverem mais uma década e meia do que na época da criação do NHS.

Embora o NHS tenha um orçamento modesto em comparação com os padrões internacionais, a ineficiência causa gastos desnecessários. Existem poucas organizações na Grã-Bretanha que ainda usam o fax para enviar documentos, como nos consultórios médicos. O planejamento de pessoal desorganizado significa que a falta de funcionários é compensada pelo pagamento de horas extras caras. E os ingleses têm um apego romântico a pequenos hospitais locais, que são mais dispendiosos e oferecem serviços de pior qualidade do que os grandes hospitais mais especializados.

Com o aumento da capacidade de atendimento, o NHS teria condições de proporcionar cuidados médicos melhores pelo mesmo preço. Em alguns lugares do país os médicos estão abandonando suas práticas caseiras para se juntarem às grandes redes de consultórios, que compartilham funções de apoio administrativo, como as centrais de atendimento. Países como a Alemanha e a Dinamarca concluíram que, ao reduzir o número de hospitais que ofereciam procedimentos cirúrgicos específicos, diminuíram a incidência de complicações.

Impostos mais altos, novas taxas e serviços mais restritos são medidas impopulares que desagradam os políticos. Mas com uma expectativa de vida maior da população inglesa, se as promessas dos políticos se limitarem a “proteger” o NHS, o declínio será inevitável.The Economist

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