MISOFONIA - Por que alguns odeiam o som de pessoas comendo?

Trata-se de uma condição marcada por reações intensas a alguns sons específicos, chegando a beirar ao 'ódio' (Foto: Flickr)

Um estudo conduzido por cientistas britânicos das universidades de Newcastle e College London e publicado na revista científica “Current Biology” clama ter descoberto por que algumas pessoas reagem de forma tão intensa ao som de pessoas comendo ou respirando.

Trata-se da misofonia, uma condição marcada por reações intensas a alguns sons específicos, chegando a beirar o “ódio”. É muito mais complexo do que apenas não gostar de determinados barulhos.

“Eu me sinto ameaçada e que preciso me debater ou fugir – a resposta é sempre essa, lutar ou fugir”, conta Olana Tansley-Hancock, de 29 anos, que convive com misofonia há mais de duas décadas. Ela foi parte do grupo estudado pelos cientistas. Os resultados dos estudos mostram que os cérebros de algumas pessoas são programados para produzir uma resposta emocional excessiva nessas situações.

Os testes foram feitos em 20 pessoas com misofonia – incluindo Olana – e 22 pessoas sem o problema. Os voluntários foram ligados a aparelhos de ressonância magnética e seus cérebros foram escaneados enquanto ouviam diversos barulhos, incluindo sons neutros, como a chuva; e sons mais incômodos em geral, como gritos e sons que ativavam a doença.

Parte do cérebro que une nossas sensações com nossas emoções – o córtex insular anterior – estava excessivamente ativa em momentos de misofonia. Nos voluntários que sofrem da doença, as conexões e interações com outras partes do cérebro se davam de forma diferente.

“Eles começam a ficar extenuados quando começam a ouvir esses sons, mas a atividade era específica sobre esses sons que ativam a doença, não os outros dois”, disse o cientista Sukhbinder Kumar, da Universidade de Newcastle. “A reação é majoritariamente de raiva. Não é nojo, desgosto, a emoção dominante é raiva – parece uma resposta normal, mas de repente se torna uma resposta exagerada.”

Não existem tratamentos para o problema, mas Olana desenvolveu uma forma de “driblá-lo”, usando, por exemplo, tampões nos ouvidos. Ela também sabe que cafeína e álcool pioram a condição, por isso evita os dois.

Por ser um problema considerado recente, ainda não se sabe ao certo o quão comum é, já que também não há uma forma clara para diagnosticar a misofonia. Os pesquisadores esperam que o entendimento sobre como funciona o cérebro de uma pessoa com o problema – em comparação com o cérebro de pessoas que não sofrem do problema – ajude a encontrar novos tratamentos.

“Nós agora temos evidências para estabelecer a base do transtorno conforme as diferenças no mecanismo do controle do cérebro em casos de misofonia”, disse Tim Griffiths, professor de neurologia cognitiva da Newcastle University e da University College London.G1

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