DE TRUMP A BEYONCÉ

A ciência e o erudito são do povo como o céu é do avião

Mariposa de topete louro foi batizada de 'neopalpa donaldtrumpi' (Foto: Pinterest)

No auge de seu sofrimento diante da surdez irrefreável, o compositor Ludwig van Beethoven jamais imaginou que teria uma de suas obras – a bagatela Pour Elise – imortalizada em esperas de telefone no mundo inteiro ou nos caminhões de distribuição de botijões de gás no Brasil. Fato é que a ciência, o erudito e o pop estão trocando tintas numa mistura que nos permite lembrar diariamente deste compositor nascido em Bonn e falecido em Viena há exatos 190 anos.

Esta não é, no entanto, a única perfeita combinação que aproxima o popular da cultura mais hermética. Se no passado, as espécies animais ou vegetais eram classificadas em latim – fazendo referência ao cientista que as estudou ou ao local onde foram encontradas e catalogadas – hoje o pop fala mais alto. Celebridades da música, da televisão ou da política agora emprestam seus nomes para a classificação de espécies até então não estudadas.

Assim surgiu, por exemplo, a mariposa nativa da Califórnia que tem como principal característica um topete louro. O espécime foi batizado de neopalpa donaldtrumpi, em homenagem ao presidente norte-americano. Uma pequena aranha australiana teve o privilégio de ser classificada com o nome de Pinkfloydia harveii – em referência ao grupo inglês que embalou gerações inteiras nas últimas cinco décadas.

De Beyoncé aos Cavaleiros do Zodíaco

O pop não poupa ninguém. Nem mesmo Beyoncé escapou. Uma abelha – com uma característica física que faz lembrar um dos principais atrativos físicos da cantora americana – recebeu o nome de scaptia beyonceae. Uma dica, o inseto tem uma cauda com tons de rosa e dourado. Avistar tal abelha é uma lição de Biologia que não se esquece mais.

Talvez seja esta uma das vantagens de jogar ciência e cultura pop no liquidificador. Em seu trabalho de conclusão de curso (TCC) na Universidade Federal de Pernambuco, em Caruaru, o estudante de Administração Jonathan Julian partiu para uma análise inusitada. Ele identificou perfis de liderança nos personagens do anime japonês Cavaleiros do Zodíaco.

O trabalho ‘Me dê seu líder, Pégasus: Um estudo dos perfis de liderança presentes nos Cavaleiros do Zodíaco’ analisa nos personagens Seiya de Pégaso, Shiryu de Dragão, Hyoga de Cisne, Shun de Andrômeda e Ikki de Fênix os modelos de liderança do conceito chamado grade gerencial. “Eu sabia que cada um dos personagens tinha diferentes traços de personalidade, mas nunca tinha parado para pensar de forma científica”, confessou Julian.

A ousadia entre a ciência e o popular rendeu bons frutos e ele acabou aprovado com a nota 9,5. Se Beethoven soubesse do sucesso desta combinação entre o popular e o erudito em séculos futuros, teria vivido seus últimos dias com mais leveza.Claudio Carneiro


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