ERA 'MERKRON'- Um recomeço para as relações franco-germanas

'Em todo início há sempre algo de mágico', disse Merkel em uma coletiva ao lado de Macron (Foto: YouTube)

Para a Alemanha, Emmanuel Macron foi o candidato perfeito. Enquanto seus adversários da extrema esquerda e da extrema direita criticavam Berlim, ele defendia os alemães. Nas duas visitas que fez à Alemanha durante a campanha, segundo uma autoridade alemã, ele foi “impecável” em relação aos problemas do país.

Alguns dos assessores mais próximos de Macron são fluentes em alemão e têm vínculos estreitos com Berlim. Antes fracos, os laços entre a França e a Alemanha já mostram um novo vigor. Ou, como disse a chanceler Angela Merkel, citando o escritor Hermann Hesse, na primeira entrevista coletiva concedida pelos dois líderes, em 15 de maio, em Berlim: “Em todo início há sempre algo de mágico.”

Essa aproximação com a Alemanha é perfeita para os planos ambiciosos do novo presidente francês. Macron pretende usar as reformas econômicas internas e as concessões à pressão dos alemães de uma maior integração militar para reconquistar a confiança da Alemanha e, assim, promover um “novo acordo” entre os países credores e devedores na zona do euro. Esse acordo incluiria um orçamento, um parlamento e um ministro das Finanças comuns. “Amigo Caro” advertiu a revista Der Spiegel na capa de uma edição recente.

Esse seria um projeto factível? Os políticos alemães estão divididos. Entre os céticos estão o Partido Democrático Liberal (FDP) pró-mercado, o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), a União Social-Cristã (CSU) e a maioria dos membros do partido União Democrata-Cristã (CDU) de Merkel, entre eles o ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble. Os entusiastas da ideia incluem os partidos Verde, o socialista A Esquerda, o Social-Democrata (SPD), sobretudo o atual ministro das Relações Exteriores, Sigmar Gabriel, e os eurófilos do CDU que acreditam no aprofundamento da integração europeia. A chanceler tem uma posição intermediária, assim como a opinião pública.

Uma cúpula franco-alemã em nível ministerial, que será realizada em 13 de julho, deve resultar em projetos bilaterais em temas como educação e energia. Nada de mais importante acontecerá antes das eleições parlamentares na Alemanha em setembro. Mas se Merkel conquistar uma vitória expressiva como preveem as pesquisas, ela terá força política para impor seus programas de governo. Schäuble não deve permanecer no Ministério das Finanças e a escolha do novo ministro poderá recair em um membro dos verdes ou do SPD.

Portanto, disse Henrik Enderlein do Instituto Jacques Delors, com sede em Berlim, as negociações em torno da formação do novo governo poderiam representar um “momento histórico, a oportunidade de abrir as portas para uma verdadeira reforma da zona do euro”.

Se Macron não conseguir conquistar os alemães, dificilmente outro presidente francês será capaz de recuperar a confiança deles. Mas Macron tem um trunfo em suas mãos. Marine Le Pen perdeu a eleição presidencial, mas Berlim sabe muito bem que seu partido, a Frente Nacional, continua presente no cenário político da França.The Economist

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A surpreendente cratera de Xico

Por que não enxergamos estrelas verdes ou roxas?

Egípcia posa nua em blog e provoca indignação