FARC- Por que o acordo de paz da Colômbia ainda não está em vigor?

Juan Manuel Santos e Timochenko selam acordo de paz (Foto: Twitter)

Ao longo de 52 anos, o conflito armado entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo colombiano matou 220 mil pessoas e obrigou 7 milhões a saírem de suas casas, cidades e povoados. Mas no dia 24 de agosto do ano passado, depois de quatro anos de negociações difíceis em Havana, os negociadores do governo e das Farc chegaram a um acordo de paz.

Um mês depois, líderes mundiais se reuniram na cidade de Cartagena para testemunhar a assinatura do acordo e comemorar a vitória. A cerimônia foi selada com um aperto de mão simbólico entre o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e Rodrigo Londoño, líder das Farc conhecido como Timochenko. Mas quase dez meses depois as Farc ainda não entregaram todas as armas e munições à ONU.

O presidente colombiano ganhou o prêmio Nobel da Paz em 2016, por seu esforço para terminar mais de meio século de conflito armado. Mas sua lua de mel foi de curta duração. Em 2 de outubro, menos de uma semana após a assinatura, em um plebiscito os colombianos rejeitaram o acordo de paz. Em seguida, o governo e as Farc retomaram as negociações. No dia 24 de novembro, os negociadores assinaram um novo acordo revisado, apesar das objeções de muitos colombianos. Com medo de outra rejeição, o presidente Santos encaminhou o acordo ao Congresso, que o aprovou em 1º de dezembro.

Porém, uma série de obstáculos atrasa a implementação do pacto. Alguns são de ordem legal. Em 17 de maio, a Corte Constitucional da Colômbia exigiu que o governo seguisse os trâmites legislativos comuns para a ratificação do acordo, sem regime de urgência. Outros são logísticos. O acordo de paz obrigou os 7 mil combatentes das Farc a se reunirem em 26 campos espalhados pelo país. Mas a construção dos campos atrasou e os víveres não chegaram no tempo previsto.

O desarmamento dos guerrilheiros mostrou ser uma tarefa ainda mais complexa. As armas, munições e explosivos das Farc deveriam ter sido entregues aos funcionários da ONU até 31 de maio. No entanto, muitas armas estão cercadas por minas terrestres em esconderijos na floresta e não foi possível cumprir o prazo.

O presidente Santos não parece tenso com a demora na implementação do acordo. A garantia da paz “assemelha-se à construção de uma catedral, tijolo por tijolo”, disse ele em uma ocasião. Mas o adiamento não o está ajudando. O presidente tem apenas 24% de aprovação popular. Com a realização das eleições parlamentares e presidenciais no próximo ano, os opositores de Santos ainda podem tentar eliminar o acordo. Enquanto isso, o prazo de desarmamento continua a não ser cumprido. Em 16 de junho, a ONU avisou que só tinha 60% das armas das Farc em seu poder. Porém, Santos declarou que o processo de desmobilização e desarmamento será concluído até 27 de junho. Ambos os lados precisam se apressar. O próximo governo da Colômbia talvez não seja tão tolerante.The Economist

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