MEIO AMBIENTE - O incêndio português no ‘deserto’ de eucalipto

ncêndio florestal em Portugal matou mais de 60 pessoas (Foto: José Coelho/Agência Lusa)

Neste mês, Pedrogão Grande, em Portugal, ganhou os noticiários por ser o local mais afetado no incêndio florestal que matou mais de 60 pessoas. A área afetada pelo incêndio era dominada pelo plantio do eucalipto.

O eucalipto representa cerca de 30% de toda a cobertura florestal portuguesa. A árvore é polêmica, porque apesar de ser bom para a economia portuguesa (a indústria papeleira rende cerca de 2,8 bilhões de euros por ano a Portugal), ela é altamente inflamável e, segundo ambientalistas, o plantio em larga escala da árvore contribui para a destruição de recursos hídricos e para o desaparecimento da fauna.

“Um dos principais problemas do eucalipto é que ele queima muito rápido e é muito resistente ao fogo. Ele continua a sobreviver durante o incêndio e graças ao calor a sua casca se solta do tronco, se transformando em condutor das chamas”, explica o engenheiro zootécnico João Camargo a BBC.

Em 2013, um decreto facilitou o plantio de eucalipto em Portugal. Uma petição online, que já reuniu assinaturas suficientes para ser obrigatoriamente discutida no Parlamento, quer a revogação desta medida.

“A revogação da lei que liberalizava o plantio do eucalipto já fazia parte do programa do atual governo, só não foi executada ainda porque não houve consenso no Parlamento. Mas uma tragédia em que mais de 60 pessoas morrem não pode passar em branco e deve impulsionar as reformas que estavam paradas”, afirma Camargo.

Após a tragédia, o governo português estabeleceu dia 19 de julho como data limite para a votação em plenário de um pacote que inclui 12 medidas ligadas à reforma florestal que estavam paradas no Parlamento. Entre as medidas, está a que trava a expansão do plantio de eucalipto no país.

Todos os anos, Portugal registra um grande número de incêndios durante o verão, quando o clima seco e quente facilita a propagação do fogo.

Situação brasileira

Atualmente, o Brasil é o quarto produtor do mundo de celulose, atrás do Canadá (terceiro), da China (segundo), e dos Estados Unidos (primeiro).

O engenheiro florestal Alexandre Franca Tetto afirma que o plantio de eucalipto no Brasil tem características distintas da realidade portuguesa, o que minimiza os riscos de uma tragédia como a que aconteceu em Pedrogão Grande. No entanto, não se pode afastar totalmente o risco de um grande incêndio.

Em 1963, 2 milhões de hectares foram queimados no Paraná, matando 110 pessoas. Em 1998, 1,5 milhão de hectares foram atingidos em Roraima. Embora o plantio de eucalipto em larga escala seja criticado por ambientalistas, ele é amplamente defendido pelo setor agropecuário. Em Portugal, diante da tragédia, tudo indica que a economia não vai falar mais alto. No entanto, no Brasil, o dinheiro ainda parece ser mais importante.BBC

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