EMBATE NO GOVERNO - Quem de fato governa o Peru?

Kuczynski tenta se firmar diante de um congresso de maioria opositora (Foto: Presidencia Peru)

Perder um ministro para a censura do Congresso é um risco comum para a atividade democrática. No entanto, quando um governo perde quatro ministros em seu primeiro ano, incluindo os ministros das Finanças e do Interior, parece uma espécie de conspiração parlamentar. Esse é o drama que Pedro Pablo Kuczynski, presidente do Peru, deve enfrentar em breve.

Há um ano atrás, Kuczynski, um ex-banqueiro de investimentos, ganhou as eleições presidenciais em seu país graças a uma parcela de eleitores peruanos que abominavam sua oponente, Keiko Fujimori, filha do ditador Alberto Fujimori.

No entanto, nas eleições para o congresso dois meses antes, seu grupo político conseguiu apenas 18 das 130 cadeiras, enquanto o partido de Fujimori, a Força Popular, conseguiu 73 vagas. Com a maioria no congresso peruano e a ajuda de aliados oportunistas, a Força Popular conseguiu impor sua agenda.

Em dezembro do ano passado, o congresso censurou o competente ministro da Educação, Jaime Saavedra, que foi prontamente contratado para dirigir a divisão de educação global do Banco Mundial. No mês passado, o ministro dos Transportes renunciou em vez de enfrentar a censura sobre uma revisão (justificada) de um contrato para construir um novo aeroporto em Cusco. Na quarta-feira, 21, o congresso votou por retirar Alfredo Thorne, ministro das Finanças; o mesmo aconteceu com Carlos Basombrío, ministro do Interior.

As diferenças entre o governo e os fujimoristas não são ideológicas, de acordo com Kuczynski. “Aqui temos um grupo ressentido por eu ser o presidente. Eles colaboraram com grandes coisas, mas em pequenos gestos demonstram sua insatisfação por não estarem ocupando o palácio do governo”, disse ele à Economist.

Kuczynski terá que fazer uma escolha. Ele poderia optar por um grande acordo, libertando Alberto Fujimori, pai de Keiko Fujimori e ex-presidente autocrático preso por abuso de poder. No entanto, isso irritaria os anti-fujimoristas, que lhe garantiram votos para ganhar as eleições presidenciais.

Uma estratégia melhor, talvez, seja o blefe. A Constituição do Peru permite que o presidente torne uma censura ministerial em uma questão de confiança no governo como um todo. Se dois gabinetes sucessivos são rejeitados pelo congresso, o presidente pode convocar novas eleições legislativas, na qual os fujimoristas provavelmente perderão cadeiras.

Kuczynski parece disposto a seguir os dois caminhos. Ele diz que enxerga a possibilidade de soltar Alberto Fujimori: “A hora de fazer é agora”. Mas, ele também afirma que “definitivamente” fará da permanência de Basombrío uma questão de confiança. “Façam isso e eles não censurarão mais ninguém”, declarou o presidente.The Economist

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