Gays poderão doar sangue nos Estados Unidos e Reino Unido


Gays que não apresentem comportamento de risco poderão doar sangue (Reprodução/Internet)

Graças a uma nova análise de riscos de infecção, manter relações homossexuais não irá mais impedir permanentemente alguém de doar sangue no Reino Unido. Muito em breve o mesmo acontecerá nos Estados Unidos. Cada vez mais, o mundo está se afastando de uma prática de triagem de sangue baseada no critério de orientação sexual.

Estas são as boas notícias. Aqui vão as más. Estamos indo em direção a uma política que tornará necessária a revelação de muito mais a respeito do que fazemos entre quatro paredes, quão frequentemente e com quem.

Até agora, o Reino Unido, assim como os Estados Unidos, proibiram doações de sangue por qualquer homem que tenha tido relações sexuais com outro homem. Esta exclusão categórica e permanente baseou-se no maior risco de infecções por HIV e hepatite destes homens. Não importava se a última vez que um doador em potencial tinha feito sexo com outro homem acontecera há 30 anos. Estatisticamente, ele era posto em uma categoria de risco ao lado de homens que mantêm relações carnais com pessoas diferentes todas as noites.

Críticos chamaram essa política de arbitrária e injusta. Na última semana, o Comitê de Segurança do Sangue, Tecidos e Órgãos dos EUA concordou. Numa revisão de evidências, notou que o período de “janela” para as viroses relevantes – o período em que você pode ser infectado (através do ato sexual) mas que ainda não aparece como infectado em testes para doadores de sangue é de 9 a 15 dias para AIDS e 38 a 67 para hepatite B. No caso da hepatite B, testes sanguíneos podem não detectar nem o fim nem o começo da infecção. Para evitar esta segunda janela, o comitê propôs uma quarentena de um ano. Se um homem manteve relações sexuais com outro homem no último ano, seu sangue pode estar indetectavelmente contaminado. Passado esse ponto, testes sanguíneos são confiáveis e ele poderia doar.

Dois pesos, duas medidas

Ativistas gays estão satisfeitos com o fim do banimento vitalício, mas não estão satisfeitos com a quarentena de um ano. A todos os homens gays deveria ser permitido doar, sem quarentena, “caso usem preservativo em todas as relações, tenham apenas um parceiro e não sejam portadores do HIV”, argumenta Peter Tatchell, britânico, renomado defensor dos direitos dos homossexuais. Ben Summerskill, executivo-chefe do Stonewall, um grupo de defesa dos direitos gays, concorda. “Sob as novas regras, um homem gay em uma relação monogâmica que tenha praticado apenas sexo oral ainda será automaticamente impedido de doar sangue”, Summerskill observa, “mas um homem heterossexual com múltiplos parceiros que não tenha usado camisinha não terá seu comportamento questionado”.

Estes crítico estão certos. O jeito mais justo de minimizar os riscos de um período de janela infeccioso é avaliar os doadores individualmente, não como grupos. Mas isso significa um cuidadoso questionamento. Para tornar comportamentos específicos, no lugar do pertencimento a certo grupo, a base para a triagem de doadores, será necessário convencer as agências de coleta de sangue de que perderão menos doadores ao fazer questionários comportamentais para todos do que excluir ou obrigar uma quarentena a homens gays. Será necessário que todos abram mão de um pouco de privacidade.

Fonte: Slate Magazine

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