Substância do plástico pode antecipar puberdade


Bisfenol é um composto utilizado na fabricação de plástico (Reprodução/Internet)

O Bisfenol A (BPA) foi tema da campanha da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia de 2010 e tem sido assunto de uma série de pesquisas sobre os impactos nocivos desta substância sobre a saúde. Usado em grande parte da produção de plástico, o BPA é um composto utilizado na fabricação de polibicarbonato e também está presente na resina epóxi, contido na fabricação do revestimento de latas que armazenam alimentos, evitando a ferrugem e a contaminação externa.

Estudos afirmam que, quando o BPA entra em contato com o organismo, principalmente antes do nascimento, pode afetar o sistema endócrino, alterando a ação de hormônios produzidos pelo corpo e trazendo danos à saúde como infertilidade, modificações do desenvolvimento de órgãos sexuais internos, endometriose e câncer. Segundo as pesquisas, a contaminação é mais prejudicial nas fases de desenvolvimento do organismo e, por isso, a ingestão do BPA deve ser evitada especialmente por gestantes, crianças e adolescentes.

De acordo com Mauro Scharf (CRM 13.009), diretor médico e endocrinologista do Lâmina, um dos possíveis impactos do BPA em adolescentes é a puberdade precoce. A doença é o início do desenvolvimento sexual secundário antes dos 8 anos nas meninas e dos 9 anos nos meninos. Para as meninas, os principais sinais são o aumento das mamas, pelos pubianos e axilares, odor axilar, crescimento acelerado, além de aumento da oleosidade da pele, espinhas e acne. Os meninos costumam ter aumento dos testículos, pelos pubianos e axilares, odor axilar, alteração do comportamento com tendência a agressividade, crescimento acelerado, espinhas, acne e alteração no timbre de voz. O diagnóstico é realizado por meio da história clínica, exame físico e exames complementares (hormonais e de imagem).

Scharf explica que o BPA é considerado, no caso da puberdade precoce, um fator endocrinológico rompedor (do Inglês disrupt) para o diagnóstico desta doença. Sabe-se que as meninas com baixo peso ao nascimento, adotadas, obesas ou expostas a substâncias químicas que alteram os estrogênios apresentam um risco de dez a 20 vezes maior para desenvolver puberdade precoce.

Numa análise que use o modelo multifatorial, que inclui fatores genéticos, hormonais e influências do ambiente, os rompedores são considerados químicas naturais ou sintéticas do ambiente. Eles provocam distúrbios na função endocrinológica, resultando em um desenvolvimento hormonal alterado. Uma série de agentes foi classificada como rompedor endocrinológico, incluindo fitoestrogênios, estrogênios naturais e tópicos, pesticidas, phtalatos e até produtos químicos, como shampoos. O uso desses rompedores para análises também sugere que a idade para a puberdade precoce tenha diminuído.

O especialista lembra que as consequências da exposição a estrogênios ambientais rompedores ainda são desconhecidas. Isso porque vários componentes químicos são ambientalmente persistentes, tóxicos ou ativos no estrogênio, podendo induzir a desordens reprodutivas, como é o caso da puberdade precoce.

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