FERTILIDADE - Estudo em baleias pode explicar a menopausa

Semelhança entre mulheres e baleias pode explicar o fenômeno reprodutivo (Foto: Pixabay)

A menopausa é um enigma. Por que algumas mulheres, ao contrário da maioria das fêmeas dos mamíferos, param de reproduzir anos antes de morrerem? A análise de registros de nascimento e morte mostra que a ajuda que as mulheres dão na educação dos netos tem um efeito importante na sobrevivência deles. Porém isso não prova que essa ajuda seria mais valiosa em termos evolutivos do que o prolongamento da fertilidade.

A orca e a baleia-piloto com nadadeiras peitorais curtas também têm interrupção fisiológica dos ciclos menstruais. E um estudo prolongado e minucioso de grupos de orcas realizado por Darren Croft da Universidade de Exeter, no Reino Unido, e seus colegas, recém-publicado na revista científica Current Biology, sugere que a parte desconhecida da explicação desse fenômeno seja que a menopausa não só permite que as mulheres ajudem a criar os netos, como também diminui a competição com as filhas grávidas ou com bebês pequenos.

As orcas analisadas por Croft percorrem a costa da British Columbia, no Canadá, e de seu vizinho ao sul, o estado americano de Washington. Elas têm sido estudadas por biólogos marinhos todos os anos desde 1973. As orcas vivem em grupos de 20 a 40 animais e os biólogos as conhecem tão bem, que identificam as baleias por suas características individuais como a forma das barbatanas, os padrões das manchas e arranhões causados pelas águas turbulentas dos oceanos.

Os pesquisadores também conhecem o sexo das orcas. Embora os órgãos genitais das orcas não sejam visíveis, os tipos de pigmentação em torno da vulva distinguem os machos das fêmeas. E como os filhotes ficam juntos das mães é fácil deduzir o sexo.

Com os dados coletados, Croft examinou a vida de 525 filhotes nascidos em três desses grupos. Ele descobriu que se uma fêmea mais velha dava à luz no mesmo período de uma fêmea mais jovem, seu filhote, em média, tinha 1,7 vezes mais probabilidade de morrer antes dos 15 anos do que o filhote da orca jovem. Essa incidência de mortes não era causada pela idade da mãe.

Sem a coincidência da época do nascimento, os filhos de mães mais velhas podiam viver mais de 15 anos, como os das orcas jovens. Mas quando se tratava de proteger a prole, as fêmeas jovens superavam as mais velhas, e os filhos colhiam os benefícios.

Após essa análise, Croft mostrou que a competição entre gerações resultava em uma diminuição de fertilidade em fêmeas mais velhas. Além disso, as fêmeas idosas em geral competiam com as filhas e, portanto, era o neto que se beneficiava. Por isso, era melhor para seus descendentes que parassem de procriar e concentrassem seus esforços em ajudar as filhas. Ainda não se sabe se a menopausa nas mulheres segue o mesmo padrão da interrupção dos ciclos menstruais das orcas. Mas é uma hipótese plausível.The Economist

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A surpreendente cratera de Xico

Por que não enxergamos estrelas verdes ou roxas?

Egípcia posa nua em blog e provoca indignação