TRANSPORTE URBANO

Benefícios econômicos são difíceis de avaliar com precisão (Foto: Public Domain Pictures)

“Estes são campos de esperança”, disse Gu Zhen’an, com um gesto em direção a uma paisagem deserta. Um homem corpulento e fumante inveterado, Gu Zhen’an passou 25 anos supervisionando a construção de estradas na região central da China. Mas há três anos, quando terminou de construir uma autoestrada para uma nova estação de trem de alta velocidade na província tranquila de Anhui, ele decidiu que chegara o momento de mudar de profissão. O lugar, embora com uma infraestrutura moderníssima, tinha poucos habitantes e empresas. No entanto, Gu previu que uma cidade se desenvolveria em torno da estação de trem e construiu uma casa de repouso para idosos, com planos de expandi-la para acolher 5 mil pessoas.

A fim de avaliar a extensão das ambições da China de construir uma rede ferroviária e trens de alta velocidade, basta multiplicar muitas vezes o sonho de Gu. Há menos de dez anos, a China não tinha uma conexão de trem-bala entre as cidades do país. Hoje, a rede de trens de alta velocidade estende-se por 20.000 km, a maior rede ferroviária do mundo. O governo tem planos de construir mais 15.000 km até 2025. A construção da rede ferroviária foi acompanhada por um crescimento urbano ao longo da linha férrea. Em intervalos regulares, quase sempre em locais de estações de trem, em meio a lugares antes desertos, surgem blocos de prédios comerciais e residenciais recém-construídos.

Os especialistas em planejamento urbano chineses esperam que essas novas cidades se assemelhem às cidades que cresceram ao lado das ferrovias, embora em um ritmo mais lento, nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha no século XIX. Mas na pressa de expandir a rede ferroviária de alta velocidade, é inevitável que haja um excesso de gastos.

A questão é se os ganhos irão superar as perdas. Cinco anos depois do início do funcionamento do trem-bala mais movimentado, com a inauguração da linha Pequim-Xangai em 2011, a experiência foi válida. Nas regiões mais populosas da China, as ferrovias de alta velocidade ajudaram a criar uma economia profundamente interligada. Porém, mais no interior do país os riscos de um investimento excessivo estão aumentando.

Os benefícios econômicos são difíceis de avaliar com precisão. As análises tradicionais concentram-se no desempenho financeiro e em resultados indiretos, como a diminuição dos engarrafamentos nas estradas. Mas o trem-bala é mais do que um meio de transporte. A China quer construir uma economia com base nos trens de alta velocidade.

É uma mudança radical na teoria da aglomeração urbana, ou seja, a visão que o tamanho das cidades influencia a riqueza e a produtividade de seus habitantes. A ideia é limitar o tamanho das megacidades, mantendo, ao mesmo tempo, o efeito de aglomeração urbana com a ajuda do trem-bala. Na opinião das autoridades chinesas uma rede de grandes metrópoles, mas não de megacidades, seria mais fácil de administrar.The Economist

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