ISRAEL- Caiu a máscara

Escândalo de suborno ameaça governo de Benjamin Netanyahu

A imprensa israelense publicou que as fitas mostraram reuniões secretas (Foto: Wikipedia)

Durante meses, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foi objeto de investigações referentes às suas atividades financeiras. Agora, após duas sessões de interrogatórios pela polícia em sua residência oficial e a divulgação de informações pela imprensa, as acusações que pesam sobre ele se agravaram. A maior surpresa foi a identidade de um empresário misterioso, que gravou uma conversa em que discutiu a proposta de um “benefício mútuo” com o primeiro-ministro.

Arnon “Noni” Mozes, o discreto proprietário do maior e mais influente grupo de mídia de Israel, tem uma longa história de inimizade com Netanyahu. Em fevereiro de 2015, no auge da última campanha eleitoral, Netanyahu escreveu que “a principal força por trás da onda de difamações a meu respeito e à minha esposa é Noni Mozes. Ele não descansará até derrubar o governo do partido Likud”.

Agora, a imprensa israelense publicou que as fitas mostraram que os dois inimigos tinham feito reuniões secretas, nas quais haviam discutido a possibilidade de firmar um acordo, em que o primeiro-ministro teria um tratamento favorável no jornal Yedioth Ahronoth de Mozes. Em troca, Netanyahu limitaria a distribuição do Israel Hayom, um jornal independente financiado por Sheldon Adelson, um dono de cassino americano que apoia Netanyahu.

O acordo não se concretizou. Os adversários políticos de Netanyahu continuam a receber apoio do Yedioth Ahronoth, enquanto Adelson investe milhões de shekels na produção e distribuição do Israel Hayom. Segundo informações publicadas na semana passada pelo jornal Haaretz, Adelson gastou 730 milhões de shekels (US$190 milhões) com o Israel Hayom nos sete primeiros anos de existência, ou cerca de um shekel por cada exemplar do jornal distribuído no país.

As investigações não prejudicam apenas Netanyahu, mas também os dois editores. Israel Hayom absorveu grande parte das receitas de publicidade do Yedioth Ahronoth. Se Netanyahu tivesse forçado Adelson a limitar a distribuição do jornal, Mozes teria ganhado milhões e isso poderia ser considerado um suborno. Apesar do acordo não ter se concretizado, a simples oferta de suborno seria, do ponto de vista legal, um ato criminoso. Uma acusação criminal obrigaria, com toda a probabilidade, o primeiro-ministro a renunciar.
The Economist

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