Brasil Foods


Presidente da Brasil Foods venderá marcas para 'quem pagar mais'

Criação de Brasil Foods tira opções de produtos de consumidor

Por Emanuelle Bezerra e Layse Ventura

A família feliz dos comerciais da Doriana está com os seus dias contados. E, pelo visto, os consumidores de diversas marcas também terão que se adaptar às mudanças impostas pela fusão da Sadia com a Perdigão. Pelo acordo aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a criação da Brasil Foods (BRF) não só acabará com diversas marcas, mas também vai gerar uma concentração de mercado, pois as duas empresas representam 90% do mercado de alimentos do país.

O Cade realizou 12 reuniões em 30 dias com as companhias e as empresas concorrentes para que se chegasse ao acordo, que inclui a suspensão por até cinco anos da marca Perdigão, a única concorrente direta da Sadia. Com isso, o consumidor terá menos opção nas prateleiras do supermercado e ainda pode ter que pagar mais pelo produto de sua preferência.

Pelo acordo assinado com o Cade, a BRF será obrigada a vender as marcas Rezende, Wilson, Texas, Tekitos, Patitas, Escolha Saudável, Light Ellegant, Fiesta, Freski, Confiança, Doriana e Delicata — e ativos que equivalem a uma receita de R$ 1,7 bilhão, ou 7,5% do faturamento líquido total. O comprador terá de se comprometer a garantir os empregos por seis meses e manter os contratos com fornecedores. A BRF também está proibida de lançar novas marcas para ocupar o lugar deixado pela Perdigão.

O Cade sugere ainda que todos os ativos sejam vendidos a um único comprador, o que ajudaria a criar uma nova empresa capaz de rivalizar com a Brasil Foods. A companhia admite, no entanto, que a venda conjunta do pacote não é “obrigatória”. O presidente da BRF, José Antonio do Prado Fray, também já afirmou que vai vender para “quem pagar mais”, independentemente da nacionalidade da empresa ou se vai representar um forte concorrente. Todas as restrições exigidas pelo Cade só serão adotadas pela nova empresa a partir de 2012.

Em 2008 a Sadia passava por sérios problemas e foi socorrida com um empréstimo do Banco do Brasil e, depois, com a fusão com a Perdigão, em 2009. A empresa criada, mesmo antes de ser julgada pelo Cade, recebeu empréstimos do BNDES e virou sócia do banco. Dois anos depois da operação, o órgão de defesa da concorrência mostra que as duas marcas não podem se manter no mercado ao mesmo tempo porque isso é concentração indevida.

Carlos Ragazzo, que foi relator do caso no Cade, foi contra a fusão e reafirmou que não acredita na solução encontrada. Para ele, a operação nem deveria ter sido realizada, pois a Sadia e a Perdigão juntas representam 90% do mercado. No início de junho, Regazzo já havia pedido o veto do negócio, dizendo que sua aprovação poderia levar a alta de preços de até 40%. Ele acredita ainda, que com a suspensão da Perdigão os consumidores irão comprar os produtos equivalentes da Sadia e não migrar para uma marca desconhecida, nova no mercado, ou para produtos regionais.

É provável que em um primeiro momento haja uma queda nos preços, porque a BRF terá de mostrar que a fusão traz benefícios para os consumidores. Mas, seguindo a complexa política de preços, depois de feito o cálculo, os produtos serão vendidos pelo maior preço aceito pelo mercado.

Fonte:Exame

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