Ricardo Teixeira e as suas verdades


Há 22 anos na presidência da CBF, cartola não mede suas palavras para se defender de acusações

Polêmico pelas suas afiadas declarações quando seu nome entra na berlinda, Ricardo Teixeira nunca escondeu que sua melhor defesa está na ponta da língua. Seja sobre o suposto lobby para trazer a próxima Copa do Mundo para o país, ou mesmo assuntos do passado, como o voo da muamba de 1994, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) sempre usa a palavra certa para sair do foco destas e outras acusações.

Em entrevista à revista Piauí, o mineiro de nascença e carioca de coração, que trabalhava no mercado financeiro antes de ingressar no mundo do futebol, rebateu, com suas verdades, alguns ataques de cartolas e jornalistas. E prometeu ‘maldades’ para o Mundial que acontecerá no país daqui a três anos.

“Em 2014, posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. E sabe por quê? Porque eu saio em 2015. Aí, acabou”.

Confira outras respostas polêmicas de Teixeira na entrevista.

Sobre a acusação de David Triesman, ex-presidente da Federação Inglesa de Futebol, de que Teixeira lhe pediu dinheiro para que a Inglaterra sedie a Copa de 2018: “Este Triesman está tendo que se explicar na Justiça como gastou 50 milhões de dólares, sendo 15 do governo, na candidatura da Inglaterra. (…) É uma quantia absurda, não se explica. Nós gastamos 3 milhões de reais e levamos 2014. Eles não engolem isso, percebe?

Sobre a acusação do jornalista Andrew Jennings, do programa Panorama da BBC, de que Teixeira outros dirigentes da Fifa recebram 100 milhões de dólares, nos anos 90, de uma empresa de marketing esportivo para conceder transmissão de jogos: “Eu não era nem do Comitê Executivo nessa época, iam me subornar pra quê? (…) A BBC é estatal, é do governo, entende? É interesse do governo inglês anular a escolha da Rússia e tirar o Brasil do páreo, por que eles acham que podem nos substituir na última hora. É tudo orquestrado, percebe?”

Sobre o vôo da muamba, de 1994 — Teixeira era acusado de pressionar funcionários da alfândega a liberar 17 toneladas de compras da Seleção que voltava da Copa nos EUA (o caso foi arquivado neste ano):“Falaram que eu tinha trazido material contrabandeado. Agora, sabe por que isso tudo aconteceu? Porque não deixei que a imprensa entrasse no avião, e porque o secretário da Receita, Osíris Lopes Filho, ia ser demitido. (…) Aí foi tudo armado. Descemos no aeroporto, o povo da Receita falou para deixarmos as bagagens, que eles iam guardar e dali a três dias devíamos voltar para pegar. A CBF pagaria todo o imposto, como pagou depois, mas o Osíris armou para mostrar serviço, posou de arauto da moralidade, a imprensa comprou a história e nós nos danamos”

Sobre a mudança de horário nos jogos da Seleção para às 19h45 quando a Globo exibia reportagens contra a CBF (como sobre a CPI da Nike, tema de um Globo Repórter em 2001): “Pegava duas novelas e o Jornal Nacional. Você sabe o que é isso?” (se referindo a perda de anúncios no horário nobre).

Sobre as reportagens contra ele exibidas pela Rede Record: “Quanto mais tomo pau da Record, fico com mais crédito na Globo”.

Sobre as críticas quanto às obras para a Copa de 2014: “Olha a merda que foi a Copa na França: a Seleção jogou em um estádio de 27 mil lugares, ficamos concentrados no meio do nada. E algum jornalista reclamou? Não, né? Afinal, estavam indo para Paris”.

Sobre a CPI da Nike, que investigava o contrato de patrocínio da CBF feito com a empresa: “Aquilo só aconteceu para abafar a CPI do Eduardo Jorge: ela estava pronta, mas aí inventaram essa do futebol que, obviamente, ofuscou a outra. (…) Até o Ronaldo teve que depor na CPI da Nike. E, no depoimento, um deputado ficou perguntando quem era o encarregado de marcar o Zidane. Isso é coisa para a CPI? (…) Reviraram tudo e não acharam nada. Foi tudo arquivado. E aí? O Ministério Público é incompetente, então?”

Sobre os processos contra o comentarista Juca Kfouri (ao todo, ele já o processou cinco vezes): “Dele, eu não deixo passar nada. Outro dia recebi um dinheiro dele. Mas eu doo para caridade. Na próxima que ganhar, vou publicar no site da CBF um agradecimento”

Sobre a imprensa brasileira: “A imprensa brasileira é muito vagabunda”.

Sobre todas as denúncias de corrupção: “Não ligo. Aliás, caguei. Caguei montão.”

Fonte: Revista Piauí

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